Olhe Direito!

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Os ativos ambientais

O Piauí, por exemplo, deve estar olhando para essa riqueza, de olho no que se chama de sustentabilidade

Quinta - 29/08/2019 às 15:06



Foto: Divulgação Amazônia
Amazônia

O Brasil está envolto na crise de uma crise literalmente quente em face de queimadas que consomem considerável naco da floresta amazônica. Evidentemente que isso incendeia paixões e pode ocasionar de se discutir a questão no calor dos acontecimentos e com mais paixão do que racionalidade. Infelizmente, porque o debate ambiental – como tudo na vida – carece de ser orientado pelo bom senso e conhecimento.

Nem me dou o trabalho de entrar no debate porque prefiro olhar para nosso quintal, sem perder de vista um ponto que considero fundamental nesse debate: a preservação do meio ambiente não pode nem deve ser impeditivo à exploração econômica de nossas riquezas naturais. Parece-me esse o exato ponto, o de que nós temos que usar ativos ambientais a nosso favor.

O Piauí, por exemplo, deve estar olhando para essa riqueza, de olho no que se chama de sustentabilidade. A conservação de grandes espaços ambientais nos variados biomas existentes em terras piauienses (manguezais, matas de cocais, cerrados, caatingas, brejos) a mim surgem como uma oportunidade para se ganhar dinheiro – algo que a destruição ou a remoção de áreas florestais não pode proporcionar, ao menos se nosso foco for a conservação.

Sobre isso, a conservação de estratos florestais como um empreendimento econômico e social, gostaria de lembrar a experiência da Costa Rica, um país que há algumas décadas consultou seus eleitores sobre se deveria expandir a pecuária bovina ou usar as áreas para conservação e reflorestamento. O povo optou pela segunda proposta, a Costa Rica ampliou áreas de conservação ambiental e hoje fatura centenas de milhões de dólares com um ativo florestal que atrai milhares de turistas.

Sem embargo da condução de agricultura e pecuária comerciais altamente tecnificadas e com elevado uso de insumos não orgânicos para obtenção de elevado rendimento, é preciso, sim, que imaginemos o uso de água, solo, flora e faunas conservados como um patrimônio gerador de riqueza, sobretudo para pessoas residentes no entorno de vastas áreas a serem preservadas. Isso pode ocorrer, reafirme-se, sem prejuízo de uma economia rural dinâmica e que também se valha de práticas conservacionistas, posto que delas necessita.

Aliás, é imperativo se dizer que agricultores no Piauí e pesquisadores da Embrapa aqui e fora do Estado, têm tido uma postura sensata de buscar conhecimento sobre como produzir mais com menor impacto da atividade sobre meio ambiente. Cada vez mais se conservam áreas de nascentes e rios, adotam-se técnicas de conservação do solo, se mantêm intactas as áreas de mata em propriedades – com resultados positivos no rendimento da criação e da lavoura.

Há, portanto, a indicação científica e de ganhos em escala para a conservação e até expansão de ativos ambientais. Fico feliz que no Piauí haja muito desse esforço a favor de uma conservação que preserva a natureza e faz brotar dela, conservada e bela, um patrimônio que gera riqueza para as pessoas – como a cultura de mel livre de produtos químicos no semiárido ou o aumento progressivo e cada vez maior do turismo ecológico em de Norte a Sul do Estado.

Álvaro Fernando da Rocha Mota é advogado. Procurador do Estado. Ex-Presidente da OAB-PI. Mestre em Direito pela UFPE. Presidente do Instituto dos Advogados Piauienses.

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Álvaro Mota

Álvaro Mota

É advogado, procurador do Estado e mestre em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco - UFPE. Álvaro também é presidente do Instituto dos Advogados Piauienses.

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