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O silêncio e a fé em tempos de pandemia


N.S. Fátima

N.S. Fátima Foto: Divulgação

O 13 de maio sempre foi um dia especial em minha família, sempre traz a mim lembranças da infância, das celebrações para celebrar Nossa Senhora de Fátima. Neste ano, um 13 de maio sem celebrações, o primeiro que passo sem a presença de minha Tia Maria Justina, numa realidade em que até nossa fé se vê alterada por uma doença desconhecida e que nos obriga o afastamento social para evitar a contaminação.

Desde a semana santa as celebrações religiosas católicas, mas também de outras manifestações de fé, vêm sendo feitas sem a presença das pessoas. Obviamente que a fé não se perde em razão disso, mas a beleza presente nas celebrações se esvai no vazio de igrejas e ruas tomadas pelas procissões. Seguimos assim.

O 13 de maio que em outros tempos reuniria fiéis católicos em igrejas no Brasil e em Portugal, neste ano se manifesta apenas na fé de cada um dos que acreditam, rezam e pedem a Virgem de Fátima que os projeta e nos projeta dos males do mundo, o que significa também pedir por nossa saúde.

Pelo que se projeta, teremos que seguir com celebrações católicas não presenciais. A próxima grade festa do catolicismo, a do Divino Espírito Santo, em 31 de maio, também não deverá ocorrer em razão da pandemia. Em cidades como Oeiras, Amarante e Valença, onde as festividades são tão tradicionais quanto as próprias cidades – entre as mais antigas do Piauí – é improvável que se celebre a fé no Espírito Santo.

Numa perspectiva em que a fé deverá se manifestar de modo mais pessoal, sigamos nós pela vida, aprendendo com as restrições que nos são impostas para preservação da saúde. Aliás, faz bastante sentido alguma privação, porque em tempos pretéritos a Igreja Católica muitas vezes operou na clandestinidade, com a fé sendo exercida menos com festa e mais com silêncio.

Então, nestes dias em que as circunstâncias se sobrepõem às nossas necessidades de celebrar junto a nossa fé, cabem as palavras do Eclesiastes:

“Não seja precipitado de lábios,

nem apressado de coração

para fazer promessas diante de Deus.

Deus está nos céus,

e você está na terra,

por isso, fale pouco. Das muitas ocupações brotam sonhos;

do muito falar nasce a prosa vã do tolo.”

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Álvaro Mota

Álvaro Mota

É advogado, procurador do Estado e mestre em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco - UFPE. Álvaro também é presidente do Instituto dos Advogados Piauienses.
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