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Meu conselho aos presidenciáveis

Israel criou, por exemplo, um sofisticado sistema de tratamento de águas de esgoto, fazendo disso uma fonte confiável de fornecimento de água para agricultores

Alvaro Mota

Sexta - 25/02/2022 às 19:52



Foto: Divulgação Reservatório de agua no Piauí
Reservatório de agua no Piauí

É improvável, porém não impossível, que um presidenciável aceite meu conselho, como sugere o título deste texto, mas vamos lá: o aconselhamento é que leiam ou que pelo menos tomem conhecimento do conteúdo de um livro que li há uns dois anos, “Faça-se a água: a solução de Israel para um mundo com sede de água”.

Como sugere o título da obra de Seth M Siegel, o livro faz um passeio não sobe a, mas sobre as soluções que o Estado de Israel criou para enfrentar a escassez de água – uma realidade comum a todo o Oriente Médio, mas que lá encontrou disposição política, capacidade técnica e permanente política de estado para a busca de soluções.

Israel criou, por exemplo, um sofisticado sistema de tratamento de águas de esgoto, fazendo disso uma fonte confiável de fornecimento de água para agricultores, atuando do mesmo modo com o uso da osmose inversa para tornar técnica e economicamente viável a dessalinização de água, responsável por fornecimento hídrico para a agricultura israelense.

A leitura da obra de Siegel é um passo inicial a que olhemos em volta de nós mesmos para nos darmos conta da importância de um sistema nacional de gerenciamento eficaz dos recursos hídricos – porque até umas três décadas atrás, a estiagem prolongada e cíclica no Brasil era somente um problema localizado no Nordeste e hoje afeta todas as regiões do país.

Aliás, sobre isso, o livro menciona a questão brasileira logo na sua apresentação, ao citar um relatório de uma agência de inteligência dos EUA (não é a CIA), no qual o problema de escassez hídrica no Brasil aparece como uma preocupação considerável dado o impacto dessa situação sobre a geração de energia e a produção de alimentos. A crise hídrica de 2021 que encareceu alimentos e energia no nosso país já deveria ser um sinal amarelo forte o bastante para acender uma discussão nacional importante acerca deste problema.

A questão deveria, assim, ser tratada como de segurança nacional e não somente como um problema de somenos importância, um debate de ecologistas ou antiecologistas. Trata-se de uma abordagem em que estão bem-postos dois pontos cruciais, a sobrevivência das pessoas com maior qualidade de vida e um ambiente em que a economia pode se desenvolver sem sobressaltos pela escassez de água.

Volto ao que disse no começo: pode ser que um presidenciável não leia o texto, mas espero que haja no escopo dos programas de governo o mínimo de preocupação com o verdadeiro motor da economia: a disponibilidade de água.

Álvaro Fernando da Rocha Mota é advogado. Procurador do Estado. Ex-Presidente da OAB-PI. Mestre em Direito pela UFPE. Doutorando em Direito pela PUC-SP. Presidente do Instituto dos Advogados Piauienses.

Álvaro Mota

Álvaro Mota

É advogado, procurador do Estado e mestre em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco - UFPE. Álvaro também é presidente do Instituto dos Advogados Piauienses.
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