Dr. Fabiano de Abreu Rodrigues, doutor em neurociências e psicologia, com pós graduação em neurociência infantil. Coordenador do Centro de Pesquisas e Análises Heráclito, liderou uma pesquisa sobre educação em tempo de pandemia. Centro de Pesquisas e Análises Heráclito - CPAH- avaliou em entrevistas pais e alunos no Rio de Janeiro- Brasil; e em diversos municípios de Portugal. Totalizando 20 famílias entrevistadas.
Dr. Fabiano de Abreu analisa os resultados e deixa-nos uma série de considerações. "Foi constatado que em Portugal, as aulas EAD, contemplam tarefas e trabalhos de casa, testes e provas, individuais e coletivas, orais e escritas. Sendo portanto o conhecimento avaliado nas áreas verbais, escritas e no comportamento. Comprovou-se também que há fiscalização dos professores no ambiente quando aplicam o teste individual, para avaliar se há abas abertas ou consultas a livros ou cadernos ao fazer a prova. Isso acontece tanto no sistema público quanto no particular.", relata.
Já no que diz respeito às realidade brasileira, Abreu tece outro tipo de análises. "No Brasil, como avaliado no Rio de Janeiro, o sistema público estadual não aconteceu a aplicação de provas provas ou testes. Todos os alunos passaram utilizando o sistema automático de aprovação.
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Em uma escola particular na Barra da Tijuca os testes e provas tinham prazo de entrega, sem nenhum tipo de fiscalização sobre o aluno, como forma de verificar se o conhecimento foi absorvido. Poucas atividades ou tarefas para casa e raros os trabalhos solicitados. Não houve também aplicação de prova oral.", Afirma.
Abreu garante que este período de pandemia vai ter consequências a longo prazo na vida académica dos alunos assim como no seu desenvolvimento. "Esta pandemia atrasou um ano a assimilação de conteúdo acadêmico. Isto irá prejudicar toda uma vida escolar, principalmente em crianças que iniciaram a alfabetização.
A aprovação automática de série, sem ter tido a base do ano anterior. Sem a aquisição de conhecimento, haverá defasagens cognitivas que irão reverberar nos estágios posteriores do aprendizado.
O cenário negativo é potencializado quando a criança em casa, segue um ritmo que desencadeia uma má adaptação num momento crucial para o desenvolvimento integral, físico e cognitivo, que se desdobra com perdas na convivência social e em seu ambiente emocional interno.", garante o neurocientista.
Fabiano de Abreu é da opinião que o sistema pode funcionar melhor se o esforço for conjunto, envolvendo todos os intervenientes. Para Abreu, "As aulas EAD podem funcionar bem, se houver utilização de estratégias não só do sistema educacional como também no familiar. Em casa, deve-se avaliar a atenção das crianças, postura, participação, engajamento, motivação e aprendizagem. Tarefas para a casa com trabalhos que fomentem a busca pelo conhecimento, através da curiosidade legítima.
Além de testes e provas orais e escritas, que avaliem a interpretação, a redação com encadeamento de ideias, vocabulário e criatividade. A troca de conhecimento sendo a maior ferramenta para tanto, o professor bem preparado e motivado como mediador de saber. Recursos técnicos através de ferramentas para melhor aproveitamento do sistema híbrido (presencial x on-line), performando melhores resultados no par aluno/professor.
A gestão de pessoas e administração de tempo para a execução de tarefas em "tempo real", trás resultados positivos para a vida acadêmica." O neurocientista destaca ainda a importância da família no desenvolvimento e acompanhamento das crianças. "No ambiente familiar, cabe aos pais acompanhar e promover atividades lúdicas para desenvolvimento psicomotricidade ( ampla e fina), principalmente na primeira infância.
Regular o uso de telas, por no máximo duas horas por dia. Vídeo game apenas final de semana. Dormir à noite e não de madrugada e uma dieta balanceada que pode promover a saúde da mente e do corpo, trazendo como recompensa uma maior manutenção do foco atencional, absorção de conhecimento e prazer em aprender.", concluí.