Especialista em Neurociências, Dr. Fabiano de Abreu Agrela, Explica Como a Ausência de Atenção Pode Moldar Comportamentos Adultos
A empatia é uma das qualidades mais valorizadas na sociedade, mas quando levada ao extremo, pode ser uma indicação de problemas mais profundos. Segundo o Dr. Fabiano de Abreu Agrela, Pós-PhD em Neurociências e especialista em comportamento humano e inteligência, membro da SfN - Society for Neuroscience nos Estados Unidos, a raiz de uma empatia excessiva pode estar vinculada à falta de atenção recebida na infância.
"A falta de atenção na infância pode ser um dos fatores que contribuem para o desenvolvimento da empatia excessiva", explica o Dr. Agrela.
Ele detalha que, em tais casos, a pessoa pode buscar validação externa através da dedicação aos outros, o que pode levar a uma dificuldade em priorizar suas próprias necessidades. Essa busca por validação não é apenas uma questão de querer ser notado, mas um mecanismo de sobrevivência emocional.
"Nesses indivíduos, a dedicação aos outros se torna uma forma de obter a atenção que lhes faltou, gerando, no entanto, uma dinâmica de dependência", ele acrescenta.
O especialista observa que essa dinâmica pode criar uma condição onde a pessoa tem dificuldade em pedir e receber ajuda, mesmo quando a família ou amigos estão dispostos a oferecer suporte.
"Essa dificuldade pode estar relacionada a fatores como baixa autoestima e medo da rejeição, perpetuando um ciclo de sofrimento", afirma.
A consequência desse ciclo é que, mesmo cercados de pessoas, os indivíduos em questão podem sentir-se invisíveis, continuando a procurar validação através da ajuda aos outros, sem nunca realmente atender às suas próprias necessidades.
"É um paradoxo onde a ajuda que oferecem aos outros não é refletida na ajuda que recebem ou mesmo na que se permitem receber", conclui o Dr. Agrela.
Entender esses padrões comportamentais pode ser crucial para a saúde mental de muitos. O Dr. Agrela sugere que a intervenção precoce, incluindo terapia e apoio familiar, pode ajudar a quebrar esse ciclo. "É importante reconhecer quando a empatia deixa de ser um ato de generosidade para se tornar um grito silencioso por atenção e cuidado", finaliza.
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