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Tecnologia e crescimento urbano sobem à Serra do Inácio e problemas das cidades vão juntos


O contraste das casas simples com as imensas torres aerogeradoras de energia eólica na Serra do Inácio

O contraste das casas simples com as imensas torres aerogeradoras de energia eólica na Serra do Inácio Foto: Luiz Brandão

Novas tecnologias para geração de energia limpa, a Internet e o crescimento urbano acelerado subiram a Serra do Inácio e os principais problemas das grandes cidades subiram juntos. Há pouco mais de dois anos o lugar era praticamente isolado e a grande maioria dos habitantes vivia da agricultura de subsistência, produzindo, sobretudo, mandioca, milho e feijão no período das chuvas, já que a falta de água ainda é o maior problema para sobrevivência por lá.

A Serra do Inácio fica nos limites de três municípios: Betânia e Curral Novo,  no Piauí, e Santa Filomena, no Pernambuco. As obras da empresa Votorantim Energia para instalação das torres aerogeradoras de energia eólica, a chegada da Internet e algumas ações recentes do governo do Piauí abriram as portas do mundo para um povo até bem pouco tempo isolado de tudo, que ainda enfrenta muitas dificuldades e não tem muitas perspectivas de melhorar suas condições de vida em curto prazo e superar a extrema pobreza que ainda afeta muitas famílias daquela locidade.

Agora, parte das cercas de 500 famílias que habitam a Serra do Inácio começa a viver uma onda acelerada de crescimento urbano, econômico e social. Mas, ao mesmo tempo, toda a comunidade começa a enfrentar, rapidamente os problemas mais comuns das grandes cidades, como o desemprego, a violência, as drogas, o alcoolismo e a falta de saneamento básico e demais serviços públicos.

A escassez de água é de longe o maior problema daquela comunidade com cerca de 2,5 mil habitantes. Numa ação liderada pela vice-governadora do Piauí, Regina Sousa, a partir de 2019, parte do problema começou a ser resolvido. Em 2020, ela reuniu vários órgãos do estado para levar cidadania ao povo da Serra. Na época, ela garantiu a construção de 150 cisternas, cada uma com capacidade de armazenar até 52 mil litros de água potável. Até agora 46 foram construídas. As cisternas são equipadas com bombas movidas por energia solar.

Desemprego e pobreza - Ainda não existem números oficiais, mas líderes comunitários dizem que o desemprego atinge cerca de 95% de toda população economicamente ativa do local. A maioria dos empregos formais é de trabalhadores contratados pela Votorantim Energia e pelas prefeituras de Betânia do Piauí e Curral Novo. A maior parte da população vive dos recursos do Bolsa Família, programa social que o Governo Bolsonaro acaba de extinguir.

Por causa do desemprego, muitas famílias da Serra do Inácio continuam numa situação de extrema pobreza, sobretudo as que vivem em locais mais afastados das duas vilas que compõem os centros mais povoados da Serra, nos territórios do Piauí e de Pernambuco. Para enfrentar esses problemas os dois estados devem estabelecer entendimentos de cooperação para que todas as famílias sejam contempladas com as políticas públicas de inclusão.

Alcoolismo - O alcoolismo atinge grande parte das pessoas sem ocupações. As drogas ilícitas, como maconha e crack também subiram a Serra, em maior parte pelas mãos de operários que migraram de centros urbanos para trabalhar nas obras das usinas fotovoltaicas e nos parques eólicos instalados em vários municípios da região do semiárido piauiense.

POBREZA EXTREMA - A falta de moradia digna atinge mais de uma centena de famílias da Serra do Inácio. Nesta casa simples, Maria Rivalda Silva, de 38 anos, mora com seus 7 filhos. Todos dormem em um só cômodo. A casa está no lado de Pernambuco e pode ficar foram do plano do Governo do Piauí de construção de 100 casas para famílias carentes da Serra do InácioCrescimento das vilas - As maiores ocupações habitacionais da Serra do Inácio estão em duas vilas criadas ao longo dos anos e que agora vivem uma ocupação demográfica desordenada, parecida com as que ocorrem nas periferias das grandes e médias cidades brasileiras. Dezenas de novas casas foram construídas nos últimos dois anos no centro da Vila do Mel e da Vila da Ramada.

Essas novas moradias são de pessoas que venderam ou receberam indenizações para desocupação de terrenos onde passariam as mais de 100 torres aerogeradoras lá instaladas. Com o dinheiro que receberam para não criar conflitos com a empresa de energia, muitas famílias compraram pequenos lotes no centro das vilas e ergueram suas casas.

Isso criou um pequeno aglomerado sem as necessárias estruturas urbanas de saneamento, água potável e serviços de recolhimento de lixo, esgotos, transportes e saúde. 

Esse crescimento de mais de 100% no número de novas casas nas vilas, nos últimos dois anos, não pode ser considerado ruim. Se consideradas as moradias em que viviam, as novas residências são um avanço significativo nas condições de vida de parte da população da Serra. 

As novas casas seguem padrões e tamanhos de acordo com a quantidade de pessoas nas famílias e contam com banheiros e instalações sanitárias.

Meio ambiente e o lixo - Na questão ambiental um problema muito visível no lugar é lixo. Os resíduos residenciais (secos e orgânicos) e restos de materiais de construções estão por toda parte. Os materiais plásticos se destacam e são jogado em praticamente todas as ruas e estradas vicinais sobre a Serra. Não há nenhum tipo de ação ou serviço de recolhimento e nem de tratamento do lixo e outros resíduos sólidos nas vilas. O mais comum, entre um pequeno número de moradores, para diminuir o problema, é misturar todo o lixo e queimar em pequenas valas nos seus próprios terrenos.

Além do lixo, as obras para instalações das torres geradoras de energia eólica são outra agressão ao meio ambiente. Essas obras, com terraplanagem e escavações, deixaram grande extensão de terra descoberta de vegetação, dando a aparência de áreas de desertos. Essa aparência, por alguns outros motivos, já pode ser vista em vários lugares no município de Betânia do Piauí, incluindo grandes áreas de morros e nos arredores da Serra do Inácio. O ocorre lá é muito parecido como o processo que já aconteceu em Gilbués, no extremo Sul do Piauí.

Na casa de Dona Maria Rivalda tem muita panela e pouca comida. A situação é a mesma em várias pequenos casebres afastados da sede das vilas da Serra do Inácio.Localização - A Serra do Inácio está encravada nos municípios de Curral Novo e Betânia, no Piauí, e Araripina, Ouricuri e Santa Filomena, em Pernambuco. Em alguns estudos históricos há informes de que o lugar teria sido descoberto na época da colonização e que os primeiros habitantes eram índios. Não há, no entanto, documentos com dados mais exatos sobre a origem dos habitantes. Recentemente foram encontrados objetos e esculturas que seriam dos primeiros povos que habitaram a região.

O lugar é bonito. No centro da serra há uma imensa área plana usada para o cultivo de mandioca, feijão, milho e algumas frutas e legumes. O clima é semiárido na maior parte do ano. Durante o dia é quente, com sol escaldante e temperaturas que chegam perto dos 40 graus celsius. Mas as noites são frias, com temperaturas que chegam próximas 18 graus em alguns meses.

A densidade demográfica na Serra é pequena. A maioria das 500 famílias mora distante umas das outras e na área que denominam de agreste, afastada das duas vilas urbanizadas. A área mais povoada fica na Vila da Ramada e na Vila do Mel, assim batizada porque no lugar foi instalada a primeira cooperativa de produtores de mel.

Estradas de barro e cheias de buracos são perigosas, o que dificulta o acesso e a chegada de materiais, equipamentos para obras de desenvolvimento na Serra do Inácio 

ISOLAMENTO

Estradas esburacadas dificultam o acesso e o desenvolvimento

O melhor caminho para quem sai de Teresina e quer chegar na Serra do Inácio é pela BR-407 até a cidade de Paulistana e de lá seguir pela rodovia PI-459 até Betânia do Piauí, de onde se segue mais 33 quilômetros de estrada de piçarra para chegar ao topo da serra.

Ocorre que o asfalto do trecho de 47 quilômetros da PI – 459, entre Paulistana e Betânia, está cheio de buracos. E a situação é praticamente a mesma no trecho de aproximadamente 33 quilômetros de estrada de chão entre Betânia e o platô da Serra.

Essa péssima situação das estradas prejudica o acesso e a chegada do desenvolvimento àquela comunidade. De acordo com moradores, poucos são os donos de caminhões e outros veículos de cargas que se dispõem a subir a serra nessas condições.

Mas as condições de tráfego devem melhorar em breve. Há dois meses o governo do estado, através do Pró Piauí, garantiu a liberação de R$ 10 milhões para recuperação da PI-459 entre Paulistana e Betânia. Também garantiu melhorar as estradas vicinais que dão acesso à Serra do Inácio.

O lixo está sendo acumulado por toda parte na Serra do Inácio, atraindo insetos e provocando doenças, principalmente entre as crianças e idosos. Falta de local para armazenar os resíduos residenciais e os restos de material de construção. A INVASÃO DAS MOSCAS

Muito lixo e agressão ao meio ambiente deixam a Serra do Inácio feia e vulnerável a doenças

A grande quantidade de lixo amontoado por toda parte e a consequente agressão ao meio ambiente são outros dois problemas muito visíveis na Serra do Inácio. A sujeira a céu aberto atrai todo tipo de insetos. As moscas fazem a festa e se espalham por todos os lugares, levando com elas agentes causadores de doenças, principalmente nesse período do início das chuvas.

As crianças são a mais prejudicadas com essa situação. Elas vivem apresentando diarreias e vômitos por causas germes trazidos dos lixões pelos insetos. Há uma verdadeira “invasão das moscas” na comunidade, principalmente no início do período das chuvas. Essa “invasão” é tão séria que donos de restaurantes e de outros estabelecimentos que vendem alimentos são obrigados e colocar telas em portas e janelas para tentar deter a presença desse inseto e, assim, atender melhor seus clientes evitando a disseminação de doenças

As reclamações contra os lixões são generalizadas, mas da noite para o dia eles surgem em vários locais do platô, nas encostas da Serra e, principalmente, no entorno das vilas lá existentes. Os resíduos orgânicos, materiais recicláveis residenciais e restos de materiais de construções são jogados em terreiros, quintais e nas margens de estradas vicinais. A maior parte é formada por materiais plásticos, como sacolas, garrafas pet.

Sem projeto básico de saneamento, lá não há esgotos e apenas umas poucas ruas do centro da Vila do Mel e da Vila da Ramada tem pequenos trechos com calçamentos com guias de escoamento d’água. Quando chove quase tudo segue pelos caminhos das águas. Em mais de 80% das residências não existem lixeiras ou locais específicos para colocar o lixo.

Na Serra, segundo moradores, também não há serviço de recolhimento de lixo e nem trabalho de conscientização sobre o perigo de doenças que o acúmulo da sujeira causa nas áreas onde as pessoas vivem. Apesar de muito visível, não há nenhum tipo de ação efetiva por parte do poder público para enfrentar o problema do lixo naquela comunidade.

Há a necessidade, que se torna num desafio ao poder público através de seus órgãos nas esferas federal, estadual e municipal, em especial, os da área ambiental, educação e saúde, para que promovam ações de educação ambiental, em especial, com as crianças, jovens e adolescentes matriculados nas unidades escolares, envolvendo, também, nesse processo, as lideranças locais estatais e os donos de estabelecimentos comerciais, como restaurantes, lanchonetes e mercadinhos.

A mureta de garrafas pet na casa de Seu  Tadico e dona Angelita; exemplo de bom aproveitamento de material que ira para no lixo. O modelo pode ser compartilhado para outras casasSOLUÇÃO NA COMUNIDADE

Casal faz mureta de garrafas pet e dá exemplo de reuso de materiais que iriam para o lixo

De uma casa simples, como a maioria das existentes na Serra do Inácio, surge um bom exemplo de como reaproveitar materiais recicláveis e evitar o acúmulo do lixo e a poluição do meio ambiente. Ela é a residência da família do lavrador José João Sousa, de 58 anos, mais conhecido como "Tadico", e da dona de casa Angelita Olindrina de Jesus, de 54 anos. O simpático casal nasceu e criou-se no lugar; tem cinco filhos, 19 netos e três bisnetos.

A casa fica numa área plana e próxima às margens de uma das estradas vicinais que dão acesso à parte mais alta da Serra. Lá, as garrafas plásticas (Pet) que geralmente iam parar no terreiro, no quintal e nos arredores do imóvel, foram reaproveitadas e transformadas numa mureta colorida, que deu um clima mais alegre à vista principal da residência do casal.

A ideia partiu de dona Angelita e o seu “Tadico”, marido dela, gostou. Juntos, resolveram construir a mureta, substituindo uma velha cerca de madeira e arame por uma estrutura de material mais duradouro e reaproveitável. A mureta chama a atenção de quem passa pelo local devido a iniciativa simples, a custo zero e que dá um colorido especial à fachada da residência.

De acordo com o casal, a construção foi simples e fácil de fazer. Bastou fixar os “bicos” das garrafas em peças de arame esticadas de uma estaca à outra para manter as medidas, o alinhamento e o nível de uma fileira para a outra. O exemplo pode ser replicado noutras residências, eliminando o impacto dos Pet no lixo do local.

O casal diz que quando decidiu construir a mureta nem pensou em preservação do meio ambiente. A ideia era só aproveitar aquele material disponível e sem custos financeiros para o casal. Foi então que veio a ideia de usar as garrafas para fazer a mureta no lugar da velha cerca e embelezar a casa. 

A iniciativa deu certo e ainda, mesmo sem pensar, o casal acabou mostrando ser um bom negócio a reciclagem e o reuso de materiais que geralmente são jogados no lixo e acabam poluindo o meio ambiente. Essa iniciativa positiva pode ser levada ao conjunto da população do lugar. 

Seu Tadico e Dona Angelita: casal construiu a mureta, embelezou a casa, economizou dinheiro e protegeu o meio ambiente ao evitar jogar plástico no lixo

EXEMPLOS DE ALTERNATIVAS

A geração de emprego e renda pode vir de onde muita gente da própria comunidade não espera

Antes mesmo da construção da mureta de garrafas plásticas coloridas na casa dele, o lavrador José João Sousa, o “Tadico”, já sabia que o lixo gerava renda. A esposa dele, Angelita de Jesus, contou que ele e o pai recolhiam lixo reciclável, colocavam em caminhões e levavam para vender em Petrolina (PE) e Juazeiro (BA), cidades próximas à Serra do Inácio.

Essa iniciativa pode ajudar resolver parte dos problemas dos lixões que se acumulam circundando as vilas, além de gerar emprego e renda naquela serra, um lugar com muitos desempregados e onde a diária paga a um trabalhador da roça ou a um operário da construção civil não passa dos R$ 40,00.

Para que a reciclagem de lixo se torne uma fonte de geração de emprego e renda basta uma ação efetiva do poder público ou de uma empresa privada, que devem disponibilizar contêineres ou outras formas de armazenamento em pontos estratégicos nas comunidades. A criação de cooperativas e associações com esse fim são realidade concreta e com resultados positivos em quase todo o país.

Quando esteve na Serra do Inácio, a vice-governadora Regina Sousa andou com a professora Sandeclea Modesto para conversar e ouvir moradores e representantes da comunidadeDESCOBERTA E ASSITÊNCIA SOCIAL

Governo constrói cisternas, promete casas e planeja novas ações para a Serra do Inácio

Mas a esperança de melhores dias reaparece na Serra do Inácio. Por iniciativa da vice-governadora Regina Sousa, o governo do estado está elaborando uma série de projetos para melhorar as condições de vida e prestar assistência mais adequada à população daquele lugar. Algumas ações governamentais já estão em andamento, como a construção de cisternas para enfrentar o maior problema do lugar: a falta de água. Outras iniciativas estão em fase de conclusão de projetos e realização de licitação.

A vice-governadora já esteve na Serra duas vezes. A primeira foi no início de abril de 2019. Ela estava acompanhada por um grupo de gestores do estado e foi conhecer de perto a situação da família que vivem naquela localidade. Em maio do mesmo ano voltou para participar de um Dia de Cidadania e levou vários serviços para os moradores, incluindo a emissão de certidões de nascimento e carteiras de identidade.

Na segunda visita, Regina Sousa se comprometeu a mandar construir 150 cisternas. Esses grandes reservatórios, com capacidade para 52 mil litros de água, já estão em construção pelo Centro de Estudos Ligados a Técnicas Alternativas – Celta. Pelo menos 46 estão prontos e sendo usados pelas famílias beneficiadas.

Além das cisternas, também foi garantida a construção de 100 casas populares para famílias sem moradia. As obras dessas unidades habitacionais só devem ser iniciadas no próximo anos. Os projetos estão prontos, mas para autorizar as obras é preciso realizar uma licitação, que está a cargo da Agência da Desenvolvimento Habitacional – ADH, mas ainda não foi feita.

Outras ações são relativas a projetos de produção de alimentos, com a implantação do Projeto Quintais Produtivos e de projetos voltados a psicultura e carcinicultura com a construção de tanques na parte do “sertão” abaixo da Serra do Inácio, cuja principal produção ainda é de mandioca.

Novas cisternas equipadas com bombas movidas a energia solar já começam a minimizar o problema da falta de água para moradores da Serra do Inácio. Serão instaladas 150 desses novos reservatórios de água naquela localidade. Cada uma tem a capacidade de armazenar 52 mil litros de águaCAMINHO CERTO

Comunidade aposta na educação e cobra Ensino Médio para 100 alunos

Outra aposta para melhorar a vida da população da Serra do Inácio é o investimento em educação. O Ensino Fundamental já existe, mas a comunidade reivindica a chegada do Ensino Médio, porque muitos alunos param de estudar porque não têm como se deslocar para as cidades próximas.

Na Serra existem duas escolas de Ensino Fundamental. Uma na Vila da Ramada, mantida pela Prefeitura de Curral Novo, e a outra na Vila do Mel, de responsabilidade da Prefeitura de Betânia do Piauí.

A Unidade Escolar Santo Inácio, na Vila da Ramada, tem sete salas de aula, sala de professores, diretoria, auditório, refeitórios e banheiros para alunos e funcionários. Tem alunos do maternal ao 9º ano. Lá são 100 alunos pela manhã e 105 no turno da tarde.

Com 39 funcionários, sendo 4 vigias, uma coordenadora pedagógica, uma secretária e 21 professores, a escola é limpa e bem cuidada. E não poderia ser diferente, afinal tem 12 zeladores, segundo a diretora Maria Ivonete Pessoa Silva. Ela diz que, por causa das medidas sanitárias contra a pandemia da Covid-19, as aulas presenciais estão sendo retomadas aos poucos.

As coordenadoras pedagógicas Edilene Rodrigues, Vanderlândia Lima e Fabiana Nunes: dedicação e compromisso com o ensino e a Educação e com o desenvolvimento da comunidade Mas é na Unidade Escolar Miguel Arcanjo, na Vila do Mel, onde surge mais esperanças para melhorar a educação e a vida das pessoas que vivem na Serra do Inácio. Lá existe grande empenho da diretora, das coordenadoras pedagógicas e de professores para melhorar a qualidade do ensino e da educação naquela localidade. A abertura da escola para atividades de integração com a comunidade é uma alternativa para atrair os alunos e seus pais.

A escola também tem sete salas de aula, com ensino do  maternal ao 9º ano. Lá são 330 alunos em dois turnos. A escola também tem auditório, biblioteca, refeitório, banheiros para alunos e funcionários, sala de professores, diretoria, salão de atividades e uma quadra de esportes.

Lá são 13 professores, cinco monitores do reforço escolar, três coordenadoras pedagógicas, um secretário, dois vigias e quatro zeladores. A área da escola é limpa e muito arejada.

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A diretora Sandeclea Modesto e as coordenadoras pedagógicas Edilene Rodrigues, Fabiana Nunes e Vanderlândia Lima sonham com a chagada do Ensino Médio na escola. Também reclamam de falta de transporte escolar para os alunos que moram mais distantes.

Elas têm uma dedicação muito especial aos alunos com maiores dificuldades de ir a escola e confirmam uma evasão escolar considerável por causa das condições de vida das famílias dos alunos.

Outra reivindicação das educadoras e da comunidade é a construção de um posto de saúde na Vila do Mel. Na Vila da Ramada tem uma Unidade Básica de Saúde – UBS, e conta também com o trabalho da agente comunitária de saúde Cleoneide Feitosa.

A agente de saúde Cleoneide Feitosa visita constantemente as 130 famílias da Vila da Ramada, no lado da jurisdição da Prefeitura de Curral  Novo na Serra do Inácio

MULHERES NO COMANDO

Elas desenvolvem várias atividades ao mesmo tempo e dirigem às escolas, posto de saúde e associações de produtoras

Quase todas as atividades oficiais e de mobilização da comunidade da Serra do Inácio são comandadas pelas mulheres. Duas associações de pequenas produtoras rurais e uma associação de incentivo a produção de pães, bolos, doces e produtos artesanais ajudam na ocupação e geração de renda. 

Sueliene Rodrigues Lima, de 29 anos, é casada e tem um filho de cinco anos, o Samuel Lima, um garotinho sorridente e que adora cachorros. Ela presta serviços à escola Miguel Arcanjo, da Vila do Mel. Por falta de transporte escolar, ela leva as tarefas de reforço nas casas dos alunos que moram mais distante da escola. 

Sueliene Rodrigues Lima, de 29 anos, com o filho Samuel Lima, de 5 anos. Ela ajuda melhorar a educação e a produção de bens e serviços como secretária da Associação de Pequenas Produtoras Rurais da Serra. Sueliene não pára. Além de cuidar da casa, ajuda o marido na plantação de legumes e participa do projeto "Mulheres Fortes", uma iniciativa da Associação de Pequenas Produtoras Rurais para a fabricação de produtos derivados da mandioca, como bolos, biscoitos, petas e outros petiscos. 

Ela diz que além da escassez da água, outro problema que atrapalha a vida da comunidade é a falta de energia de boa qualidade, o que foi prometido pela Equatorial há mais de uma ano, mas nunca se tornou realidade.

Para Sueliene, a comunidade também precisa urgentemente de uma Unidade Básica de Saúde - UBS, e de um serviço para recolhimento do lixo. 

Joilma de Araújo Sá mostra um dos tanques onde estão sendo criados camarões na água salgada. Ela e mais 38 mulheres estão na Associação das Pequenas Produtoras Rurais de Laranjo, nos arredores da  Serra do Inácio, no município de Betênia do Piauí, 

Como Sueliene, outras mulheres se desdobram em várias atividades na Serra do Inácio. É o caso da lavradora Joilma de Araújo Sá, de 38 anos. Ela faz parte da Associação de Pequenas Produtoras Rurais do Povoado Laranjo, no município de Betânia do Piauí, no pé da Serra do Inácio, e comanda um projeto de irrigação que propicia a criação de peixe e camarão a partir da água tratada através e de um sistema de dessalinização instalado naquela localidade. 

O projeto beneficia 38 famílias e incluiu o cultivo de plantas como a Atriplex, uma planta forrageira arbustiva, de ambientes áridos e semi-áridos, que se desenvolve bem em solos com alto teor de sal. É conhecida em muitos lugares pelo nome de "planta sal".

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Luiz Brandão

Luiz Brandão é jornalista formado pela Universidade Federal do Piauí. Está na profissão há 40 anos. Já trabalhou em rádios, TVs e jornais. Foi repórter das rádios Difusora, Poty e das TVs Timon, Antares e Meio Norte. Também foi repórter dos jornais O Dia, Jornal da Manhã, O Estado, Diário do Povo e Correio do Piauí. Foi editor chefe dos jornais Correio do Piauí, O Estado e Diário do Povo. Também foi colunista do Jornal Meio Norte. Atualmente é diretor de jornalismo e colunista do portal www.piauihoje.com.
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