
Em uma crítica ácida nas redes sociais, o humorista piauiense Whindersson Nunes ridicularizou a atuação do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG). O parlamentar bolsonarista tem mobilizado seus seguidores para perseguir e tentar punir pessoas que celebraram a morte do ativista de extrema-direita americano Charlie Kirk, incluindo o influenciador Felipe Neto.
A humilhação veio após Nikolas Ferreira usar sua conta no X (antigo Twitter) para pedir que seus seguidores vasculhassem publicações de Felipe Neto "atacando os EUA". O objetivo declarado do deputado era pressionar o governo de Donald Trump a cancelar o visto do influenciador, que está de férias nos Estados Unidos.
Whindersson Nunes respondeu à investida com ironia. "Imagina a missão do deputado que tu votou ser fazer o Felipe Neto não entrar nos EUA kkkkkkkkkkkkkkkkk. Patético", escreveu o humorista, destacando a suposta irrelevância da ação de um parlamentar federal perante as demandas prioritárias do país.
Oportunismo e abandono a Bolsonaro
A postura de Nikolas Ferreira é vista por analistas como um claro oportunismo. Desde a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF), no dia 11 de setembro, o deputado mineiro evitou completamente tocar no assunto nas redes sociais. Bolsonaro foi sentenciado a 27 anos e três meses de prisão por crimes como tentativa de golpe de Estado e formação de quadrilha armada.
Enquanto aliados do ex-presidente ainda discutem o caso, Nikolas desviou seu foco comunicacional totalmente para a morte de Charlie Kirk, assassinado a tiros na Universidade de Utah Valley na quarta-feira (10), em uma estratégia percebida como uma tentativa de evitar desgaste e não perder seguidores.
Ataque à liberdade de expressão
Autointitulado defensor da "liberdade de expressão", Nikolas Ferreira tem agido de forma contraditória, mobilizando uma campanha para identificar e punir aqueles que emitiram opiniões contrárias ao extremista americano. Ele expôs publicamente cidadãos e pressionou empresas a demitirem funcionários, compartilhando inclusive frases de grupos ultraconservadores dos EUA que pregam a "destruição do mal" como vingança.
Uma das vítimas dessa ofensiva coordenada da extrema-direita foi o jornalista e historiador Eduardo Bueno, o Peninha. A Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) cancelou seu espetáculo "Brasil: Pecado Capital", que aconteceria no domingo (14), após a repercussão de um vídeo em que Bueno comentou a morte de Kirk. No material, o jornalista afirmou ser “terrível um ativista ser morto por ideias, exceto quando é Charlie Kirk”.
A campanha, que contou também com a participação do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), evidencia a estratégia de setores da ultradireita brasileira de usar a morte de Kirk como pretexto para perseguir críticos e intimidar adversários, atacando a liberdade de expressão que dizem defender.
Quem foi Charlie Kirk
A escalada de ataques tenta transformar Charlie Kirk em um mártir político. No entanto, o ativista era uma figura conhecida por suas declarações extremistas, racistas e misóginas. Aliado de Donald Trump, Kirk defendia que "os negros dos EUA estavam melhor quando eram escravizados", que "mulheres não deveriam buscar educação ou carreiras profissionais" e que "era aceitável ter mortes em tiroteios em massa para garantir o direito de portar armas".
Oportunismo e contradição do bolsonarista Nikolas Ferreira são detonados nas redes sociais
