A traição política é uma das maiores causas de desilusão dos eleitores e contribui para o descrédito dos partidos, seus dirigentes e filiados. Se houver uma aproximação da bancada do PT na Câmara de Teresina ao prefeito eleito Sílvio Mendes, será uma clara traição ao eleitorado da capital do Piauí, levando a uma grande decepção e aumentando a desilusão dos teresinenses com o partido. Esse sentimento já foi demonstrado nas eleições de 6 de outubro em todo o país e serve de alerta para os líderes petistas.
Ao optar por Sílvio Mendes em detrimento de Fábio Novo, o eleitorado teresinense deixou claro que deseja o PT na oposição. Por respeito à vontade popular, esse deve ser o caminho a ser seguido pelos vereadores petistas e pelos outros que estiveram no palanque contrário ao médico eleito pelo União Brasil. Qualquer tentativa de permanecer na sombra ou pegar carona em aliados do prefeito eleito será uma vergonha.
É certo que, quem aderir ao projeto de Sílvio Mendes antes mesmo dele tomar posse, dará a impressão de que já havia votado nele no primeiro turno, e não em Fábio Novo. Se isso de fato ocorreu, não há outra palavra senão traição ao projeto encabeçado pelo número 13, e a digital de traidor estará claramente visível, sem precisar de papiloscopia para identificá-la.
Informações obtidas por este jornalista indicam que 10 dos 18 vereadores eleitos no palanque de Fábio Novo já estão se preparando para embarcar no bonde de Sílvio Mendes. Há também relatos de que, pelo menos, um dos sete vereadores eleitos pelo PT estaria prestes a seguir o mesmo caminho. Se isso se confirmar, a expulsão será uma punição branda para esses traidores.
Buscar cargos ou apoio político na gestão de Sílvio Mendes mostrará que o PT foi usado apenas como massa de manobra eleitoral, para garantir a eleição de alguns indivíduos em detrimento do projeto coletivo que define a história e bandeiras do partido.
O comportamento dúbio de alguns dirigentes está minando a credibilidade do PT. Os números comprovam isso. Nas eleições de 2022, Lula venceu em 3.123 municípios. Agora, no pleito de 6 de outubro, o PT venceu em apenas 217 municípios. Esse resultado reflete o erro grave nas alianças políticas feitas pelo PT nos últimos anos, transformando o partido em trampolim para oportunistas.
As eleições de 6 de outubro me lembram a velha Arena, de triste memória, que só vencia nos chamados "grotões", regiões controladas por coronéis da política. Nos grandes centros urbanos, a direita e a extrema-direita desmantelaram a imagem e o legado do PT, conquistando vitórias significativas.
Em 2024, o PT teve bons resultados em apenas três estados do Nordeste, incluindo o Piauí, onde elegeu 50 prefeitos. Mas é importante ressaltar: alguns desses eleitos não hesitarão em descartar a estrela do partido ao primeiro sinal de pressão, pois nunca tiveram, de fato, o perfil de petistas.
O recado das urnas é claro. Não adianta tentar esconder os erros com desculpas. Uma reestruturação urgente é necessária para o PT, que não pode jogar sua história no lixo sem luta. O partido precisa retomar o diálogo com os pobres das periferias e reassumir sua defesa, porque a força que mantém vivo vem do povo e é a esse que partido deve respeito.
É essencial uma análise mais profunda dos erros cometidos para iniciar uma mudança de rumo, garantindo que o PT não siga o caminho de partidos como o PFL e o PSDB, que sucumbiram às vaidades e ambições pessoais. Essas características não podem se sobrepor aos interesses coletivos, sempre tão valorizados na história petista.
Essa transformação exigirá uma mudança de postura dos responsáveis pelo partido, que hoje parecem omissos e complacentes, deixando o bonde passar sem lutar pelas causas que formaram o PT. Projetos e ambições pessoais estão matando o partido. O PT precisa enquadrar esses oportunistas. Quem for petista de verdade deve vestir a camisa e aceitar o ônus e o bônus da sigla. Quem não se encaixar deve buscar outro lugar para se abrigar.