O anel de Tucum, um acessório simples feito da palmeira amazônica Bactris setosa, transcendeu seu uso original como símbolo de resistência entre escravos e indígenas no século XIX para se tornar um ícone moderno de engajamento político e social. Neste mês, enquanto o Partido dos Trabalhadores (PT) comemora seus 45 anos de fundação, o anel ganha destaque como um dos símbolos adotados por petistas, representando aliança com as causas populares e a luta pela igualdade.
A história do anel de Tucum remonta ao período do Império do Brasil, quando escravos e indígenas, excluídos do acesso a joias de ouro e metais preciosos, criaram o acessório como um símbolo de amizade, união e resistência. Feito da palmeira tucum, comum na Amazônia, o anel era utilizado em pactos matrimoniais e como forma de identificação entre os oprimidos.
No século XX, o anel foi ressignificado pela Teologia da Libertação, movimento cristão que ganhou força na América Latina nos anos 1960. Lideranças como Dom Pedro Casaldáliga, bispo catalão radicado no Brasil, passaram a usar o anel como símbolo de compromisso com os pobres e marginalizados. Casaldáliga, falecido em agosto de 2020, definia o anel como uma "aliança com as causas indígenas e populares", destacando que seu uso implicava um compromisso profundo, muitas vezes levando à perseguição e até à morte.
Hoje, o anel de Tucum é adotado por diversos grupos sociais, incluindo membros da comunidade LGBTQIA+, que o utilizam como forma de identificação de orientação sexual, e por defensores de causas sociais. No cenário político recente, o acessório ganhou visibilidade com o senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), que viralizou ao explicar o significado do anel durante uma sessão da CPI da Covid. "Ele representa um matrimônio com a causa dos mais pobres", afirmou o senador, que usa o anel desde sua atuação na Pastoral da Juventude.
Petistas e o Anel de Tucum
A adoção do anel de Tucum por petistas não é mera coincidência. Fundado em 10 de fevereiro de 1980, o PT surgiu como uma força política ligada aos movimentos sindicais e às causas populares, tendo como um de seus principais idealizadores o ex-sindicalista e atual presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva. O anel, com sua carga histórica de resistência e luta pela igualdade, alinha-se perfeitamente aos valores defendidos pelo partido.
O anel de Tucum, que já foi um símbolo secreto de resistência entre escravos e indígenas, hoje é um emblema de engajamento político e social, adotado por petistas e defensores de causas populares. Sua história reflete a luta pela igualdade e justiça, valores que continuam a ressoar no Brasil contemporâneo.
Luiz Brandão
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