
A menos de um mês para completar um ano do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pode-se dizer que, no geral, o desempenho do governo foi bom, apesar das dificuldades herdados da gestão Bolsonaro.
Os principais indicadores econômico foram positivos, o desemprego diminuiu, a inflação está sob controle e os juros estão caindo. Os programas sociais voltaram a ser prioridade, os pobres foram parar no orçamento da União e o combate à fome e à pobreza está surtindo efeito.
Em menos de um ano a política externa do presidente Lula tirou o país do isolamento e retomou o protagonismo geopolítico internacional. O Brasil voltou a ser referência e retornou ao topo das potências econômicas mundiais. O país já é a 9ª maior economia do mundo.
Mas como situação do País era tão ruim que, mesmo com todos os avanços, ainda se tem a sensação de que a vida das pessoas não melhorou muito, apesar dos investimentos pesados no atendimento às necessidades das camadas mais carentes da população.
Da mesma forma, ainda se tem a sensação de que as instituições e órgãos federais não voltaram a funcionar após a pandemia da Covid-19 e o desmonte proposital do Estado, patrocinado na desatrosa gestão de Jair Bolsonaro.
Nas agências do INSS as filas diminuíram, mas a "fila virtual" do processos e as queixas sobre o atendimento continuam monstruosasNo Brasil, nos últimos anos, alguns órgãos são uma espécie de termômetro para se medir o mal funcionamento das instituições públicas federais e o péssimo atendimento aos contribuintes. Na linha de frente estão o Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, e a Receita Federal.
Se alguém quiser comprovar isso basta visitar o INSS ou a Receita Federal no Piauí, por exemplo. A pessoa sairá com a impressão de que são duas instituições fantasmas, que não funcionam e que passaram por um grande bombardeio, dada a destruição e ao abandono em que se encontram. Nelas só se vê estagiários e terceirizados fazendo o trabalho que seria de servidores.
O trabalho remoto disponibilizado por essas instituições é muito ruim e incompatível ecrealudade da população e com o grau de necessidade de acesso dos cidadãos comuns aos sistemas, serviços e benefícios sob responsabilidade das repartições públicas federais.
Na Receita Federal é praticamente impossível se falar com um servidor. Você fala com um monitor. Mas não tem acesso aos intocáveis deuses do serviço público
Qualque pessoa comum sabe a dificuldade que é tentar ser atendida numa agência do INSS ou da Receita Federal ou pelas plataformas digitais dessas instituições. Não adianta ir a nenhuma delas. Qualquer pessoa que chega lá é informada que o atendimento é só pela Internet ou por outro canal remoto de comunicação.
Num país com altos índices de analfabetismo, esse tipo de informação parece uma bofetada na cara dos cidadãos. É uma humilhação aos pobres, aos sem instrução e sem recursos para obter atendimento humano digno em busca de seus direitos. E é aqui onde se inicia a corrupção, com o surgimento dos oportunistas que usam as dificuldades do "sistema" para vender facilidades.
Essa sensação de desalento da máquina administrativa para atendimento aos cidadãos, em todas as áreas, é um problema grave, porque dá a impressão de que o governo ainda não está agindo. E os brasileiros cobram a conta. Afinal, para que servem tantos funcionários pagos com o dinheiro do distinto público?
A mais recente pesquisa do Datafolha sobre a avaliação do governo Lula, divulgada na terça-feira passada (05.12), mostra essa realidade. A pesquisa aponta a saúde como o maior problema dos brasileiros. Mas a sensação de que "falta mais" está em todas as áreas.
A pesquisa não e fantasiosa e nem fora da realidade. O que dizer do desastre que continua sendo a gestão do Sistema Único de Saúde - SUS? Precise de tratamento de saúde na rede pública pra saber o que é sofrimento. Diga que o SUS é bom para às pessoas que ficam por mais seis meses e espera de um exame ou de uma cirurgia.
Como na saúde, as pessoas também querem ser atendidas com rapidez e eficiência em outras áreas, como educação, emprego, transporte, saneamento, infraestrutura, esportes, lazer e tudo que precisam pra viver dignamente. E esse atendimento às necessidades da população está faltando e não tem como negar.
Claro que não se pode esquecer que o país e suas instituições ficaram como terra arrasada e que reconstruir tudo leva tempo, dá trabalho e requer recursos. Também é justo lembrar que o atual governo trabalha com orçamento deixado pelo atencessor, cujas prioridades eram muito diferentes às da atual gestão.
Mas o povo não quer saber disso, quer solução. E cobra com toda razão, principalmente por não saber ou ter informações corretas sobre o que está sendo feito. E governo precisa ser mais ágil, mas rápido, eficiente e se comunicar melhor.
