
Um momento de pura emoção marcou a celebração dos 25 anos do programa "Altas Horas", da TV Globo, na noite deste sábado (11/10). Caetano Veloso, um dos artistas homenageados na noite especial, não conteve as lágrimas após a apresentação de seu amigo e companheiro de movimento artístico, Gilberto Gil, que tocou e cantou "Cajuína", música composta por Caetano em homenagem ao poeta piauiense Torquato Neto, um dos nomes centrais da Tropicália.
O evento, comandado pelo jornalista Serginho Groisman, reuniu dezenas de grandes nomes da Música Popular Brasileira para um show comemorativo. No palco, estiveram presentes, além de Caetano Veloso e Gilberto Gil, artistas como Ney Matogrosso, Ivete Sangalo, Xande de Pilares e Mosquito, todos celebrados por suas trajetórias.
Ao narrar a história por trás de "Cajuína", Caetano explicou no programa que a canção foi uma homenagem dupla: à memória de seu amigo Torquato Neto e ao pai deste, Sr. Eli Sobral. A letra da música faz referência à cajuína, uma bebida típica do Piauí, estado natal de Torquato, transformando-a em uma metáfora poética sobre pureza e saudade. Foi essa carga emocional, revivida pela interpretação de Gil, que comoveu o outro baiano.
Torquato Neto foi um dos pilares do movimento Tropicalista, ao lado de Caetano, Gil e Tom Zé Torquato Neto e o Tropicalismo
A emoção de Caetano Veloso joga luz sobre a importância e a atualidade da obra de Torquato Neto. Nascido em Teresina, no Piauí, em 1944, Torquato foi um poeta, letrista e jornalista fundamental para a contracultura brasileira dos anos 1960 e 1970.
Ele foi um dos pilares do movimento Tropicalista, ao lado de Caetano, Gil, Tom Zé e os integrantes do grupo Os Mutantes. O Tropicalismo, ou Tropicália, surgiu como uma revolução estética que misturava rock, psicodelia, música tradicional brasileira e elementos da cultura de massa, desafiando as convenções da MPB e criticando o contexto da ditadura militar.
Torquato foi coautor de clássicos como "Geléia Geral" (com Gilberto Gil) e "Marginália II" (com Gil e Capinam). Sua produção poética, marcada pelo experimentalismo linguístico e uma visão ácida da realidade, continua a influenciar novas gerações de artistas. Infelizmente, Torquato Neto tirou a própria vida em 1972, aos 28 anos, mas seu legado permanece vivo, como demonstrou o choro de Caetano Veloso cinco décadas depois.
O programa especial dos 25 anos do "Altas Horas" serviu não apenas como uma festa, mas como um registro afetivo da história da música brasileira, onde amizades, perdas e a força da arte se entrelaçaram em cena.
Gilberto Gil beija o amigo Caetano em momento de muita emoção e cúmplice

Luiz Brandão
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