
Neste domingo, 21 de setembro de 2025, lembrei das grandes manifestações pela eleições diretas e outras conquistas da década de 1980. Uma multidão com esse sopro do passado, mas com a cara e a irreverência do presente, tomou conta da Praça Pedro II, em Teresina, numa clara defesa da democracia.
O que se viu não foi uma mera reunião política, mas um potente movimento cultural e cívico, espontâneo e alegre, que há décadas não se via com tal grandeza na capital. O estopim foi a combinação explosiva de duas afrontas à democracia: a PEC da Blindagem e o projeto de anistia aos envolvidos nos ataques golpistas de 2022 e 2023. E a resposta do povo, plural e geracional, parece ter sido a pá de cal que esses projetos precisavam.
O aspecto mais notável e esperançoso do ato foi a massiva participação dos jovens. Longe de sua suposta apatia e acomodação, eles deixaram suas rotas digitais e foram para o calor do espaço físico da praça pública. Levaram para as ruas não apenas cartazes de protesto, mas música, arte e uma energia contagiante que transformou o ato político em uma celebração pela democracia. A convocação nacional feita por artistas e lideranças políticas encontrou eco nessa juventude que, consciente, recusa-se a herdar um país onde as regras são distorcidas para beneficiar uma elite política intocável.
Mas não foram só os jovens. A velha guarda democrática, aquela que lutou pelas Diretas Já e pela redemocratização do país, marcou presença sólida e simbólica. Cabelos grisalhos que carregam a memória da resistência à ditadura se misturavam à multidão. Lideranças históricas como o professor Manoel Domingos, o advogado Gilberto Ferreira, o ex-deputado Nazareno Fonteles, Dona Nereida, o professor Antônio José Medeiros, Geraldo Carvalho, o advogado Arimatéia Dantas, além dos deputados Limma e Franzé e do vereador João Pereira, estavam lá. Sua presença não era apenas de apoio, era um passe de bastão e um aviso: "Nós já lutamos contra isso antes e não permitiremos de novo".
O recado das ruas de Teresina e em todo o país foi cristalino para o Congresso Nacional: a maioria do povo brasileiro não aceita retrocessos. A PEC da Blindagem é um desses absurdos. Ela busca tornar os parlamentares praticamente inimputáveis, ao exigir a anuência de seus pares para que sejam processados – uma regra que o próprio Parlamento já havia corrigido no passado diante de casos grotescos de corrupção e violência. Reviver esse mecanismo é cuspir na história e na Justiça.
A conclusão que se tira do que aconteceu hoje em Teresina e em outras praças pelo Brasil é que a PEC da Blindagem e o projeto de anistia aos golpistas foram, sim, simbolicamente sepultados. A menos, é claro, que o Congresso Nacional opte por um suicídio político coletivo e resolva enfrentar a fúria e a força de um povo redivivo. A direita, em seu exagero ao tentar institucionalizar privilégios e apagar crimes contra o Estado Democrático, fez o que parecia impossível: fez o povo acordar.
O aviso final fica não apenas nas ruas, mas na lembrança do poder soberano do voto: a "maldição das urnas" em 2026 será o preço final para quem insistir em trilhar o caminho do retrocesso. O povo, uma vez despertado, não volta atrás.

Luiz Brandão
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