Artigos & Opinião

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Itararé: de bairro violento às lutas por melhorias

Ficamos calados e de braços cruzados ? NÃO!

Marceone Rodrigues

Quinta - 05/03/2020 às 06:34



Foto: Google Maps Avenida Principal do Dirceu
Avenida Principal do Dirceu

Quando as casas do Itararé I, na Zona Sudeste de Teresina,  começaram a serem ocupadas no final dos anos 70, junto com a alegria e a esperança de dias melhores, veio a incerteza : E AGORA?
"...Era tempo de aflição , quase não tinha condução , nem água pra se banhar. Era um carroçal, um poeral, um lamaçal e o povo aqui se dando mau..."(Alcides Valeriano/Bloco Barão de Itararé-1997). Chegou o Itararé II e a população foi aumentando...
Quando Seu Jorge,  motorista do único ônibus que fazia linha para o bairro parava no centro e nossos moradores desciam, logo vinha a chacota:
-Esses aí vêm do Itararé. Olhem a cor dos pés deles! Se referiam ao  barro vermelho do solo, fincado em nossos pés.
Agora não era mais só o Itararé I e II, pois a região estava crescendo e junto,  ganhamos vários adjetivos, mas mesmo assim nosso povo não baixou a cabeça.
Éramos tratados constantemente com termos pejorativos e piadas nas rodas de conversas no centro da cidade e que já ecoavam na imprensa.
Lutamos, não desistimos! E como 'vingança' ganhamos dos programas policiais sensacionalistas  do final da década de 80 e início dos anos 90 o ESTIGMA DE BAIRRO MAIS VIOLENTO DA CIDADE.
Ficamos calados e de braços cruzados ? NÃO!  Lutamos contra a insegurança,  mas mostramos que o nosso bairro era maior que as mazelas que nos afligiam.
Se eles achavam que iríam nos intimidar , logo se enganaram,  pois  nosso povo , sofrido sim, mas com uma incrível altivez, mostrou a força do bairro com o seu bloco de carnaval desfilando pela Avenida Principal, a determinação  da juventude organizada nas igrejas, grupos de danças,  teatros e nos grêmios estudantis,  além é claro,  da organização comunitária, inicialmente por meio da Associação de Moradores do Bairro Itararé.
A campanha "O Itararé é boa praça" desenvolvida pela AMI fez pesquisas e contatos de convencimento sobre o potencial econômica do bairro/região. Mostramos aos  empresários de fora que eles iriam lucrar se instalando na comunidade.  Através da campanha conseguimos um banco!
Apesar das piadas lá de fora e as matérias  que destacavam apenas a violência, sem ressaltar o nosso potencial econômico, cultural,  educacional , nossa alegria e fé , RESISTIMOS e mostramos que é possível LUTAR POR UM BAIRRO SEGURO, sem cair na cilada de colaborarmos com o estigma de bairro violento, que engrandece projetos eleitorais, alimenta a grande mídia e prejudica o progresso de nossa região.
Elegemos até um vereador oriundo do antigo Jufran(Juventude Franciscana):
"Esse ano o meu voto é diferente,  vou votar em gente da gente"(trecho da música de Anselmo Dias de 1996).

E o hoje, o que é o Itararé? Falem o que quiser, mas é o melhor bairro e região de Teresina!

(*) Marceone, 40, é pai do Rafael Tacarijus(que nasceu na maternidade Professor Wall Ferraz), foi diretor da AMI nos anos 90, presidente do Grêmio Estudantil da U.E. Dr Agnelo Pereira da Silva,  folião do Bloco Barão de Itararé e fundador do Bloco Só Fuxico. Residiu no Novo Horizonte, Parque Flamboyant, Dirceu I, Renascença I e atualmente reside no Residencial Manoel Evangelista.  Um Itarareriense de coração,  desde os 12 anos de idade.

Fonte: Marceone Rodrigues

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