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Coerência: confiança e dignidade

Segunda - 28/08/2017 às 15:08



Foto: Google Imagem ilustrativa
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Por Deusval Lacerda de Moraes

A pessoa humana para viver com decência, honradez e cidadania precisa cultivar alguns princípios consubstanciados na moral, na ética, na religião, nos bons costumes e no ordenamento legal que formam o conjunto de valores da sociedade. Esses valores são fundamentais no dia a dia de qualquer indivíduo, porquanto serve como parâmetro norteador dos seus atos por toda sua existência. A pessoa humana se depara na vida com as mais variadas situações como também se interrelaciona com pessoas ou grupo de pessoas que se apresentam com uma infinidade de ideias, pensamentos, fatos, ou seja, com uma gama de informações que define o padrão sociocultural de um povo. Por isso, é essencial que, nesse turbilhão de decisões, se aja em conexão e harmonia com os fatos e com as ideias. Isto se denomina coerência. 

A coerência é essencial na vida das pessoas, para que assim elas não falseiem a verdade nem possam agir de forma abjeta, atrabiliária, inconsequente, desprovida de logicidade, mas lastrada sempre em normas valorativas que dignificam os seus atos e elevem as suas atitudes. O discurso e a ação devem caminhar sempre juntos, um é o complemento do outro. Não é prudente desassociá-los, sob pena do discurso de tornar inoculo, vão, irrealizável, e a ação se tornar infrutífera por ser inapropriada. E assim o ser humano percorre a sua trajetória. Uns, supervalorizam demais esse fato e, como se observa através das gerações, perenizam a sua existência como exemplos a serem seguidos. Outros, contrariamente, desprezam completamente essa condição, mas as suas passagens terrenas jamais serão lembradas. 

Cada um possui o livre-arbítrio para traçar o que fará da sua vida. Ocorre que alguns querem chegar onde jamais alcançariam. Outros querem ser o que não poderiam. Assim, muitos sequem a sua caminhada de forma não muito repúblicana. E por aí vão. Acontece que na esperança de galgar espaços que muitas vezes já estão preenchidos, alguns não levam em conta esses valores consolidados e, para atingir certo pedestal, desrespeitam frontalmente o atributo da coerência. Aí só pioram as coisas, porque assim agem como arrivistas, aplicam a "Lei de Gerson" (aquela do sujeito levar vantagem em tudo), querem se apoderar do que não é seu, tomam o lugar dos outros sem o devido mérito, enfim, contribuem apenas para desconstituir a valoratividade da sociedade escamoteando o processo civilizatório. 

Na política não é diferente. Nesse campo, as pessoas envolvidas devem ser ainda mais coerentes. Porque possuem a função preciosa de representar os segmentos da sociedade que lhes aprovam. Por isso a responsabilidade é maior. Seus atos, gestos, atitudes, ações, repercutem sobre todas as pessoas, e não somente sobre si mesmo. Todo passo dado pelos políticos deveria ser obrigatoriamente dentro dos regramentos sociais já sedimentados, para não comprometer a coletividade. Assim, mais do que ninguém, os políticos devem ser visceralmente coerentes: coerentes com o seu partido, com a sua ideologia, com os segmentos sociais que representam, com os seus eleitores, com a defesa do povo em geral, com a lisura no cumprimento dos mandatos e, acima de tudo, na gestão pública executiva. 

No que se refere propriamente às articulações político-partidárias para compor forças visando os pleitos eleitorais, aí os políticos deveriam esbanjar coerência. Porque eleições pressupõem governança. E governar é o ponto culminante, é complexo, não é para qualquer um. Exemplos de fanfarrões, bonachoes, encanadores, impostores, inábeis, infieis, inconfiáveis, incompetentes, farsantes, enfim, dos que chegaram oportunisticamente ao poder e foram pródigos em incoerências, são muitos. Não é bom lembrar, para não causar náuseas. Assim, os papéis não podem ser invertidos. E 2012 é ano de eleições municipais, portanto, os políticos devem manter a coerência na formação das alianças partidárias, não permitindo a promiscuidade com os ultrapassados, testados e reprovados ou usurpadores do poder em nome apenas de ganhar o poder pelo poder, por serem prejudiciais ao povo. Quem age assim deixa um péssimo legado para todos. 

*Este artigo da minha autoria foi publicado em 16 de janeiro de 2012 nos jornais Meio Norte e Diário do Povo e nos portais GP1 e Acessepiaui. Mas continua atual. Vejo até que a política e os políticos brasileiros, em grande parte, pioraram de lá para cá.

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