Saúde

TRATAMENTO

Transplante de células estaminais pode ajudar diabéticos voltar a produzir insulina

Paciente de 25 anos conseguiu produzir a sua própria insulina após um transplante inovador de células

Da Redação

Sexta - 04/10/2024 às 08:41



Foto: Divulgação Uma mulher com diabetes tipo 1 começou a produzir insulina (azul) após um transplante de células estaminais
Uma mulher com diabetes tipo 1 começou a produzir insulina (azul) após um transplante de células estaminais

A diabetes é uma doença crônica que afeta mais de 537 milhões de pessoas em todo o mundo, e sua prevalência continua a crescer devido ao envelhecimento da população, ao sedentarismo e a dietas pouco saudáveis. De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabete, em 2018, a prevalência de diabetes entre adultos de 20 a 79 anos no Brasil era estimada em cerca de 14%.

Recentemente, uma mulher de 25 anos, residente em Tianjin, na China, fez história ao se tornar a primeira pessoa no mundo a produzir insulina naturalmente menos de três meses após receber um transplante de células-tronco reprogramadas. Esse avanço na medicina regenerativa promete trazer esperança a milhões de pessoas que convivem com essa doença debilitante.

Primeiro caso no mundo 

Cientistas responsáveis por essa descoberta extraíram células adiposas do corpo da paciente, reprogramaram-nas para se tornarem células-tronco pluripotentes e, em seguida, as diferenciaram em células produtoras de insulina. Após o auto-transplante, o corpo da paciente aceitou as novas células sem sinais de rejeição. Como se trata de um transplante autólogo, não é necessário o uso de imunossupressores, o que diminui o risco de complicações.

Os resultados do procedimento foram publicados na renomada revista Cell, trazendo uma nova esperança para aqueles que enfrentam a diabetes.

Qualidade de vida 

Um dos aspectos mais impressionantes do procedimento é que ele não envolve edição genética, o que reduz preocupações sobre riscos biológicos. Além disso, a paciente não precisou utilizar medicamentos para evitar a rejeição, evitando assim os efeitos colaterais associados a esses tratamentos.

A equipe liderada pelo biólogo celular Deng Hongkui, da Universidade de Pequim, utilizou pequenas moléculas para controlar o processo de reprogramação das células, permitindo uma maior precisão na transformação de células de pacientes com diabetes tipo 1 em células pluripotentes, capazes de gerar tecidos, incluindo ilhotas pancreáticas produtoras de insulina.

Realizado em junho de 2023, o transplante durou menos de meia hora, e cerca de 1,5 milhões de ilhotas foram injetadas nos músculos abdominais da mulher. Essa técnica inovadora permite monitorar as células por ressonância magnética, algo não viável quando são implantadas no fígado, como é comum.

Resultados e desafios 

Dois meses e meio após o transplante, a paciente começou a produzir insulina de forma autônoma, eliminando a necessidade de injeções diárias. Durante o dia, os níveis de glicose no sangue mantiveram-se dentro da faixa ideal 98% do tempo, evitando picos e quedas perigosas.

No entanto, essa intervenção não está livre de desafios. A diabetes tipo 1 é uma doença autoimune, o que significa que o sistema imunológico da paciente pode voltar a atacar as células beta produtoras de insulina transplantadas. Isso levanta a questão de se a terapia será durável e viável para outros pacientes no futuro.

Até o momento, o procedimento foi realizado apenas em um único paciente. Embora os resultados sejam encorajadores, são necessários mais estudos para avaliar a eficácia e segurança da abordagem em um número maior de pessoas, já que as reações ao transplante podem variar.

O custo da terapia também é uma preocupação, uma vez que se trata de um procedimento personalizado que envolve a reprogramação de células de cada paciente, o que pode limitar o acesso a essa inovação no futuro próximo. Além disso, ainda não se sabe por quanto tempo as células transplantadas permanecerão ativas, levantando dúvidas sobre a necessidade de repetir o procedimento ao longo da vida.

Fonte: Nationalgeographic

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