Segundo a Central Única das Favelas (CUFA), as favelas brasileiras movimentam R$ 202 bilhões por ano, um valor que equivale ao PIB de muitos países da América Latina. Esse número impressionante destaca o potencial econômico das comunidades periféricas, muitas vezes ignorado ou subestimado.
Valciãn Calixto, presidente da CUFA no Piauí, enfatiza que as favelas são polos de inovação e criatividade. "Muitos negócios nascem nessas comunidades, mas enfrentam dificuldades como a falta de formalização e acesso a crédito. São empreendedores com grande potencial, que precisam apenas de apoio para crescer e se consolidar", afirmou durante o podcast Piauí Hoje.
Entre as histórias de sucesso, está a de Jamila Rocha, uma empreendedora piauiense que finalista do reality show "Expo Favela – O Desafio", transmitido pela Rede Globo. Ela desenvolve produtos terapêuticos à base de cannabis, voltados para pacientes oncológicos, autistas e outras finalidades médicas. Também auxilia esses pacientes na busca por profissionais que possam prescrever os tratamentos de forma adequada.
A CUFA tem desempenhado um papel fundamental na promoção do empreendedorismo de base comunitária. Por meio da Expo Favela, uma feira que conecta empreendedores a investidores e instituições como o Sebrae, a organização ajuda a criar oportunidades concretas para pequenos negócios. "A Expo Favela é uma ponte entre as comunidades e o mercado, dando visibilidade a talentos e ideias inovadoras", explicou Valciãn.
No Piauí, mais de 120 empreendedores já participaram da iniciativa, recebendo capacitação e orientação para formalizar seus negócios e acessar linhas de crédito. Além de gerar renda, os negócios nas favelas têm um impacto direto no fortalecimento da economia local. Ao priorizar fornecedores e consumidores dentro das próprias comunidades, iniciativas como a Expo Favela ajudam a reduzir a dependência das populações periféricas de redes externas, incluindo o crime organizado.
Valciãn acredita que o apoio ao empreendedorismo comunitário é essencial para enfrentar os desafios das favelas. "A força econômica das favelas é imensa, mas muitas vezes invisível. Ao fortalecer esses empreendedores, não estamos apenas gerando empregos, mas criando uma rede de oportunidades que beneficia toda a sociedade", concluiu.
Confira a entrevista na íntegra: