
O Piauí registrou uma queda significativa de 55,6 % nas mortes causadas pela hepatite B entre os anos de 2014 e 2024, passando de nove para quatro óbitos, além de uma redução de 25 % nos óbitos por hepatite C, de 12 para nove casos no mesmo período. Os dados fazem parte do novo Boletim Epidemiológico de Hepatites Virais, divulgado em julho de 2025 pelo Ministério da Saúde, durante as ações da campanha Julho Amarelo, mês de conscientização e combate às hepatites virais.
As reduções seguem após o fortalecimento das políticas públicas de saúde voltadas à prevenção, diagnóstico precoce e tratamento das hepatites, em especial os tipos B e C, que apresentam maior risco de se tornarem doenças crônicas e silenciosas.
O Piauí, segundo o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), também se destaca como o estado com menor número absoluto de casos notificados de hepatites virais do país, com 5.358 registros entre 2000 e 2024.
Durante o Julho Amarelo, unidades de saúde em todo o estado intensificaram a oferta de testagens rápidas e vacinação gratuita contra hepatite B, além de campanhas educativas sobre os riscos da doença. Só em 2025, foram distribuídos mais de 340 mil testes rápidos para hepatite B e mais de 327 mil para hepatite C.
Os resultados das ações também indicaram avanço no início de tratamento: das 319 pessoas indicadas para iniciar acompanhamento da hepatite B, 173 iniciaram o processo; para a hepatite C, 56 dos 66 diagnosticados começaram a terapia antiviral, fornecida gratuitamente pelo SUS. O Hospital Getúlio Vargas (HGV), em Teresina, promoveu cinco dias de programação com palestras, testagens e imunização.
O Ministério da Saúde também lançou uma nova plataforma de monitoramento da adesão ao tratamento das hepatites crônicas, que permitirá o acompanhamento por estado e município dos casos positivos, fluxos de atendimento e interrupções no cuidado. A meta é ampliar a cobertura de tratamento e alcançar os objetivos definidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) de reduzir em 65 % a mortalidade por hepatites virais até 2030. Atualmente, o Brasil já registra queda de 50 % nas mortes por hepatite B e de 60 % por hepatite C.
Apesar dos avanços, especialistas alertam que ainda é necessário ampliar a busca ativa de casos nos serviços de atenção básica, sobretudo para a hepatite B, cujo tratamento exige acompanhamento contínuo mesmo sem cura definitiva.
Julho Amarelo
O Julho Amarelo foi instituído no Brasil por lei federal em 2019 e inclui o Dia Mundial de Combate às Hepatites Virais, celebrado em 28 de julho. A escolha da cor remete à icterícia, um dos sinais clínicos mais comuns da doença. A campanha visa aumentar o conhecimento da população sobre os riscos das hepatites virais, promover a testagem em larga escala e garantir acesso universal ao tratamento, pilares fundamentais para a eliminação das hepatites como problema de saúde pública até o fim da década.