
O Hospital Universitário da Universidade Federal do Piauí (HU-UFPI) realizou, no dia 21 de fevereiro, o implante de um marca-passo considerado o menor do mundo, em um procedimento pioneiro no estado e realizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Este é também o primeiro procedimento registrado entre os 45 hospitais que formam a Rede Ebserh, que administra unidades de saúde em todo o Brasil.
O dispositivo, chamado “Micra”, tem apenas 6 milímetros de diâmetro e 25 milímetros de comprimento, pesando cerca de 2 gramas, aproximadamente o tamanho de uma cápsula de vitamina.
A cardiologista Cláudia Guarino, especialista em Eletrofisiologia Clínica Invasiva, explica que o Micra é um dos dispositivos mais modernos no campo da estimulação cardíaca. "Ao contrário do marca-passo convencional, cujo sistema é implantado pelas veias dos membros superiores, o Micra é inteiramente implantado de forma minimamente invasiva por meio de um cateter que passa pela veia da perna e vai até o coração", afirmou.
Além de seu tamanho reduzido, o Micra se destaca por não ter eletrodos, como é o caso dos marca-passos convencionais, cujos modelos, em geral, medem 48 milímetros de comprimento, pesam 20 gramas e possuem dois eletrodos com cerca de 53 e 60 centímetros.
O dispositivo é indicado para casos específicos, como obstrução das veias dos membros superiores, infecção do sistema cardiovascular por marca-passos tradicionais e para pacientes renais crônicos, especialmente os submetidos à hemodiálise.
O cardiologista Rafael Cardoso Jung, que também fez parte da equipe que realizou o procedimento, destacou que o Micra está sendo constantemente atualizado para melhorar seu funcionamento. “Os pacientes que utilizam o Micra precisam ser acompanhados a cada três meses, depois seis meses. Realmente foi muito bom porque, quanto mais frágil é o paciente, mais graves são as complicações. E nesse tipo de implante, a taxa de complicação é menor”, disse Jung.
A paciente Maria da Conceição Santos, de 77 anos, foi a primeira a receber o implante do Micra. Ela utilizava um marca-passo tradicional desde 1996 devido a problemas cardíacos causados pela Doença de Chagas. Recentemente, um dos eletrodos do dispositivo apresentou falha. Após o procedimento, Maria da Conceição, que já recebeu alta, voltou para sua cidade natal, Oeiras, com quadro estável. “Eu achei muito bom e estou muito bem e feliz. Toda a minha família também está muito feliz com minha recuperação. Agradeço a todos”, declarou a paciente.