Saúde

ESTUDO

Cursos de especialização médica a distância aumentam no Brasil, alerta estudo

Estudo aponta que 41% dos cursos são totalmente online, gerando preocupações sobre a qualidade da formação

Da Redação

Terça - 17/09/2024 às 08:55



Foto: Julia Koblitz/Unsplash Aumento de cursos de pós-graduações em medicina
Aumento de cursos de pós-graduações em medicina

A pesquisa “Demografia Médica no Brasil 2025”, conduzida pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e pela Associação Médica Brasileira (AMB), revelou dados preocupantes sobre os cursos de especialização médica no país. Segundo o estudo, 41,2% dos cursos de especialização médica oferecidos na modalidade Pós-Graduação Lato Sensu (PGLS) são totalmente a distância, enquanto outros utilizam a modalidade de ensino a distância (EAD) e 11,1% são semipresenciais.

Os pesquisadores analisaram 2.148 cursos de PGLS oferecidos por 373 instituições e observaram que os cursos a distância são, em média, mais curtos (9,7 meses) do que os presenciais (15,4 meses) e os semipresenciais (13,9 meses). A maioria dos cursos EAD está concentrada em instituições privadas (90%) e na região Sudeste (60%), com 32,8% apenas em São Paulo.

O aumento na oferta desses cursos levanta preocupações sobre a qualidade da formação dos médicos, com a hipótese de que muitos cursos oferecem uma falsa impressão de especialização. No Brasil, o título de especialista só pode ser obtido através da Residência Médica (RM) ou de cursos reconhecidos pela AMB. Cursos de PGLS, que não exigem a mesma formação rigorosa, podem confundir a população e os profissionais.

Dr. Mário Scheffer, coordenador da pesquisa, relaciona o aumento na oferta de PGLS à expansão desordenada das escolas médicas sem correspondente ampliação das vagas de residência médica. Segundo ele, é essencial regulamentar esses cursos para garantir que eles cumpram um papel claro e não enganem os profissionais e o público.

Os cursos de PGLS frequentemente têm nomes semelhantes aos das especialidades médicas, o que pode levar a equívocos sobre sua validade. O estudo aponta que, enquanto a Residência Médica é o caminho mais adequado para se tornar um especialista, muitos médicos podem estar se utilizando desses cursos de PGLS como uma forma alternativa, mesmo que isso não seja reconhecido oficialmente.

A maior parte da oferta desses cursos se concentra em áreas lucrativas, como estética e emagrecimento, e o estudo sugere que áreas mais críticas, como saúde mental, necessitam de mais investimentos em Residência Médica.

A situação é ainda mais complicada pelo fato de que alguns egressos têm buscado na justiça o reconhecimento desses cursos como equivalentes à especialização formal, embora isso não tenha sido amplamente detalhado pelos pesquisadores.

Dr. Cesar Eduardo Fernandes, presidente da AMB, critica a qualidade dos cursos de PGLS e defende a criação de um exame de proficiência para garantir que os especialistas possuam a a e ofereçam um formação adequada e atendimento de qualidade à população.

Fonte: Agência Brasil

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