Saúde

DIAGNÓSTICO

Falhas no diagnóstico médico são a principal causa de prejuízos a pacientes

OMS estima que cerca de 5% dos atendimentos em ambulatórios não recebam um diagnóstico correto, impactando diretamente o tratamento e a saúde dos pacientes

Da Redação

Terça - 17/09/2024 às 10:23



Foto: Reprodução Falhas em diagnósticos médicos são as principais causas de prejuízos a pacientes
Falhas em diagnósticos médicos são as principais causas de prejuízos a pacientes

As falhas de diagnóstico são a principal causa de prejuízos a pacientes globalmente, representando 16% dos danos evitáveis que um paciente pode sofrer, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Esses erros incluem eventos graves e até catastróficos, que podem resultar em danos permanentes ou morte. A OMS estima que cerca de 5% dos atendimentos em ambulatórios não recebam um diagnóstico correto, impactando diretamente o tratamento e a saúde dos pacientes. Nos Estados Unidos, isso corresponde a entre 40 mil e 80 mil casos por ano. Além disso, um em cada dez pacientes enfrenta erros em cirurgias, prescrições e uso de medicamentos, resultando anualmente em cerca de 3 milhões de mortes.

Para destacar e enfrentar esse problema, a OMS instituiu o Dia Mundial da Segurança do Paciente, celebrado no dia 17 de setembro. O tema central deste ano é “Melhorar o diagnóstico para a segurança do paciente”, visando propor ações e diretrizes para minimizar falhas evitáveis e reduzir o risco de danos desnecessários no cuidado com a saúde.

O médico intensivista Gustavo Janot, do Hospital Israelita Albert Einstein, enfatiza que “a falha no diagnóstico é o problema número um em segurança do paciente, mas ainda é um tema pouco conhecido e discutido no Brasil”. A enfermeira Aline Pedroso, consultora de Qualidade e Segurança do Paciente no Einstein, concorda, apontando que o problema é subnotificado e pouco estudado no país, o que compromete a capacidade de se entender a real dimensão da situação.

As falhas de diagnóstico vão além de erros médicos individuais e incluem falhas no modelo de cuidado, como a comunicação entre profissionais, a transição de cuidados e a interpretação de laudos de exames. O diagnóstico deveria ser um processo colaborativo envolvendo várias fases e profissionais da saúde, como enfermeiros, fisioterapeutas e farmacêuticos. No entanto, há várias possibilidades de falhas nesse processo, muitas vezes devido ao fator humano.

Janot explica que sintomas ambíguos ou inespecíficos podem levar a conclusões equivocadas. Por exemplo, uma dor no peito tratada como ansiedade pode na verdade ser uma embolia pulmonar maciça. “O médico deve tomar decisões de forma analítica, considerando todas as possibilidades,” ressalta o intensivista.

A falha na comunicação é um dos principais fatores que levam a diagnósticos incorretos. Pedroso aponta que isso inclui a falta de informações completas por parte dos pacientes e a falta de diálogo entre os profissionais. “Embora o diagnóstico seja um ato médico, o processo diagnóstico deve ser um trabalho em equipe, envolvendo o paciente e equipes multidisciplinares. O cuidado ainda é muito fragmentado,” avalia Pedroso.

Problemas de treinamento, coordenação de cuidados e protocolos também contribuem para diagnósticos errôneos. A participação ativa do paciente é crucial, e ele deve ser incentivado a detalhar seu histórico e questionar sobre seu tratamento. “Os pacientes devem ser encorajados a se envolver no processo diagnóstico para se tornarem parte ativa do seu cuidado,” afirma Janot.

A boa notícia é que é possível reduzir os riscos dessas falhas com mudanças culturais significativas, tanto por parte dos profissionais de saúde quanto dos pacientes. “É necessário um grande esforço para transformar a abordagem de cuidado e melhorar a comunicação e o processo de diagnóstico,” conclui Janot.

Fonte: Brasil 247

Siga nas redes sociais

Compartilhe essa notícia: