Política

DIPLOMACIA

​Ucrânia vê visita de Lula à Rússia como ato hostil e cogita rebaixar relações com Brasil

Viagem do presidente brasileiro a Moscou para celebrações do Dia da Vitória gera tensão diplomática; Kiev critica ausência de visita a Kiev e considera reduzir laços bilaterais

Da Redação com informações do Brasil 247

Terça - 06/05/2025 às 11:12



Foto: Ricardo Stuckert/PR Presidente Luiz Inácio Lula da Silva
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva

A viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Rússia para participar das celebrações do Dia da Vitória, em 9 de maio, reacendeu as tensões diplomáticas com a Ucrânia. Autoridades ucranianas consideram a visita um "ato hostil" e avaliam rebaixar formalmente as relações com o Brasil, evidenciando o crescente mal-estar entre os dois países.

A ausência de um novo embaixador ucraniano em Brasília, após a saída de Andrii Melnyk para a ONU, agrava o clima de insatisfação em Kiev. Convites oficiais para que Lula visite a Ucrânia teriam sido enviados há mais de um ano e meio, sem resposta concreta. O Itamaraty alega que aguarda um "convite formal", explicação mal recebida pelo governo ucraniano.

Apesar das críticas, a viagem de Lula à Rússia é interpretada por analistas como uma das mais expressivas sinalizações políticas de seu terceiro mandato. Ao comparecer às cerimônias em homenagem à vitória soviética sobre o nazismo, o presidente brasileiro reforça sua defesa de um mundo multipolar, do respeito à soberania dos Estados e da construção de uma ordem internacional menos subordinada aos interesses das potências ocidentais.

A participação de Lula nesses eventos também reforça a ação do Brasil em atuar como agente autônomo e propositivo, inclusive diante das pressões de países da OTAN e da atual gestão dos Estados Unidos.

O Itamaraty nega qualquer crise com a Ucrânia e aposta no diálogo direto entre líderes. Diplomatas brasileiros afirmam que as relações ministeriais seguem funcionais e que não há intenção de atrasar a nomeação de um novo embaixador, alegando que o processo passa por análises "normalmente lentas".

Internamente, a decisão de Lula de participar do desfile em Moscou também se insere em uma estratégia diplomática mais ampla, que inclui sua presença na cúpula China-Celac, em Pequim, no dia 13 de maio, e na cúpula dos BRICS, marcada para julho no Rio de Janeiro. Trata-se de uma guinada clara na política externa brasileira, voltada para o fortalecimento de alianças no Sul Global, em contraponto à lógica unipolar.

Fonte: Brasil 247

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