Artigos & Opinião

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Sobre o resultado do edital seu João Claudino

Pode parecer chato, antipopular ou até uma tarefa árdua, mas falar sobre corrupção é falar de política

Fabiola Lemos

Quarta - 30/12/2020 às 08:54



Foto: Reprodução internet Lei Aldir Blanc
Lei Aldir Blanc

 *Fabíola Lemos

É no tosco debate sobre corrupção, onde a esquerda pequeno-burguesa e o fascismo se encontram. Se Fábio Novo não sabia, agora ficou sabendo da forma mais amarga. Durante a campanha municipal, foram várias as vezes em que, indagado sobre o estigma de fazer parte de um "partido corrupto", o candidato petista orgulhosamente respondia: " eu tenho as mãos limpas". Agora, traído pela inocência, vivencia o que é ser alvo em um contexto onde a mídia fascista é fonte que orienta as manifestações de alguns e algumas que se auto-proclamam de esquerda.

Pode parecer chato, antipopular ou até uma tarefa árdua, mas falar sobre corrupção é falar de política enquanto luta de classes e não somente como uma virtude individual. É fato que existem corruptos no PT como em todas as instâncias da sociedade e que "ninguém deve pagar pelo erro do outro". Porém, é "muito mais fato" que o estigma do "PT corrupto" existe porque cumpre uma função importantíssima nesse momento de ampla expansão do capital e criminalização do pensamento de esquerda.

Optar pela praticidade do discurso das "mãos limpas", só reforça a impressão de que a justiça burguesa é uma instância imparcial, por isso capaz de assegurar, inequivocamente, que se não sofre processo é porque não é corrupto. (Eis aí uma grande chance de não desvincular o debate municipal do debate nacional)

Ao tornar-se referência de liderança em um campo progressista, em tempos tão desqualificados, quem haveria de sair impune, meu caro Secretário? Ou ainda, como não reconhecer a extensão da legítima indignação de tantas(os) artistas valorosas (os) que foram injustiçadas(os) nesse processo? Ainda que se busque justificativas, não há como discordar que o trâmite foi conturbado e bastante confuso em seus critérios.

Também é  fato que pessoas e empresas que têm mais facilidade na obtenção de  financiamento (ainda que amparados pelas regras do edital) foram indevidamente beneficiados, criando uma situação se não ilegal, no mínimo anti-ética.

E o mais importante:

Ainda que precipitado pelo tempo curto que, tem causado transtornos na Lei Audir Blanc, em vários outros estados da Nação, não há como negar que os erros precisam ser reparados.

PORÉM...

Foi triste ver gente se aproveitando desse fato pra exercer misogina e seletividade nos ataques em redes sociais. 

Excetuando quem agiu por inocência ou no calor da emoção, foi constrangedor acompanhar "ratinho correndo pra boca da cobra" propagando fake news de página fascista só pra fortalecer o antipetismo.

Gente que tinha ciência de que O EDITAL NÃO OBJETIVAVA O AUXÍLIO EMERGENCIAL, se aproveitando da narrativa desonesta pra desonrar a imagem de um excelente gestor, por mera disputa política.

Gente que forjou a tese de que a revisão do processo foi resultado de uma mobilização, como se o Secretário de Cultura tivesse se negado à analisar as demandas e corrigir as eventuais irregularidades.

Nesse processo, os aplausos vão para aquelas(es) artistas que, ainda que fragilizadas(os) pela sensação de injustiça, denunciaram, se indignaram, recorreram e se mobilizaram  sem cederem aos ataques misóginos, seletivos ou de carona na garupa dos fascistas.

Nunca devemos perder o foco no combate àqueles e àquelas que sempre odiaram a arte e a subversão.

Essa mira não comporta um coração sensível que salvou do tempo e da especulação um patrimônio artístico que há décadas esteve à mercê da própria sorte.

* Fabíola Lemos é professora e filiada ao PT

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