O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), reiterou a importância de equilibrar as contas públicas do Brasil, mas com um foco na preservação dos direitos das camadas mais vulneráveis da população, nesta quinta-feira (12). Em entrevista ao programa "Bom Dia, Ministro", do grupo estatal EBC, Haddad também criticou a persistência de "jabutis" legislativos e "pautas-bomba" que comprometem a política fiscal do país.
Haddad afirmou que é essencial para o Brasil equilibrar suas finanças de maneira criteriosa, evitando ajustes que afetem diretamente os mais pobres. Ele questionou a lógica de fazer ajustes fiscais sobre benefícios como o Bolsa Família enquanto grandes empresas estão há mais de uma década sem pagar impostos. “Não faz sentido realizar ajustes fiscais sacrificando quem mais precisa, enquanto grandes empresas ficam isentas de suas obrigações fiscais,” destacou o ministro.
O ministro também abordou a necessidade de acabar com os "jabutis" e “pautas-bomba” no Congresso. Segundo ele, a maioria dos ministros anteriores tentou lidar com esses problemas, mas enfrentaram dificuldades devido à falta de apoio e força para implementar mudanças. “Estamos no momento de terminar essa fase e buscar maior transparência e apoio aos que realmente precisam,” disse Haddad.
Sobre as desonerações fiscais, Haddad mencionou a necessidade de um acordo entre os Três Poderes para lidar com os incentivos fiscais concedidos a 17 setores econômicos. Ele expressou esperança de que as medidas atuais, discutidas recentemente pela Câmara dos Deputados, ajudem a corrigir o desequilíbrio das contas em 2024, embora aguarde resultados mais definitivos.
“Estamos otimistas quanto à arrecadação prevista para suprir a compensação necessária. Caso contrário, voltaremos às negociações,” afirmou Haddad. Ele destacou que, uma vez sancionada a nova legislação, a regulamentação será emitida em 60 dias para garantir clareza sobre os resultados.
Durante a entrevista, o ministro também destacou o cenário econômico atual, com baixos índices de desemprego e inflação controlada, como uma oportunidade para implementar ajustes nas contas públicas. “Este é o momento ideal para corrigir a rota. Com a economia crescendo 3% este ano e uma geração recorde de empregos, não podemos nos acomodar,” disse Haddad.
Haddad expressou otimismo com a recuperação econômica do Brasil, mas enfatizou que novos desafios exigirão medidas contínuas e revisões de políticas. Ele destacou a importância de manter as finanças robustas e controlar a dívida interna para que o Brasil possa retomar um crescimento superior à média mundial, após anos de baixo crescimento.
Fonte: Infomoney