Política

MAURO CID NO STF

Mauro Cid nega participação em tentativa de golpe, mas diz ter presenciado os fatos

Supremo Tribunal interroga a partir desta segunda (9) os réus do chamado "núcleo crucial" da trama golpista; oito acusados serão ouvidos

Da Redação

Segunda - 09/06/2025 às 16:41



Foto: Reprodução Tv Justiça Cid Moura depõe no Supremo Tribunal Federal (STF)
Cid Moura depõe no Supremo Tribunal Federal (STF)

Nas primeiras três horas do depoimento de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, afirmou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que presenciou, mas não participou dos atos relacionados à tentativa de golpe para manter o ex-presidente no poder. Ele também confirmou ter assinado o acordo de delação premiada por vontade própria e disse que não sofreu coação.

Cid explicou que os sucessivos depoimentos prestados à Polícia Federal foram solicitados pelos investigadores e não por inconsistências anteriores. “Nunca foram para trazer fatos novos ou coisas que eu não tinha dito. Sempre foram a pedido da Polícia Federal”, justificou.

Durante a oitiva, o militar comentou os áudios vazados à revista Veja, que resultaram em sua volta à prisão. Segundo ele, os áudios eram “um desabafo para um amigo” em meio a preocupações com sua situação financeira e carreira militar. Ele afirmou não saber como os arquivos chegaram à imprensa.

Bolsonaro leu e alterou minuta de decreto golpista

Mauro Cid revelou ainda que Bolsonaro chegou a ler a minuta de decreto que embasaria uma tentativa de golpe. Segundo o delator, o então presidente fez ajustes no documento, retirando alguns nomes da lista de autoridades que seriam presas, permanecendo apenas o ministro Alexandre de Moraes. “O resto foi concedido habeas corpus”, teria brincado Bolsonaro.

Segundo Cid, o decreto em discussão nas reuniões com os comandantes das Forças Armadas era genérico — dizia “o quê”, mas não “como” seria feito. Ele também informou ao ex-presidente que havia uma carta em elaboração dentro das Forças Armadas, posteriormente revelada por Paulo Figueiredo Neto, também denunciado no processo.

Ainda de acordo com o depoimento, Cid reforçou que os dados utilizados para questionar o resultado das eleições de 2022 eram manipulados com esse intuito, mas “não se pôde comprovar nada”. Ele disse que as mensagens trocadas na época não apontavam fraude eleitoral e que Bolsonaro operava pessoalmente seu WhatsApp e Facebook.

"Radicais" e "moderados" nas Forças Armadas

O delator classificou o almirante Almir Garnier, ex-comandante da Marinha, como “radical radical”, enquanto outros nomes como o general Braga Netto e o ex-ministro Paulo Sérgio Nogueira teriam assumido uma postura mais moderada, tentando conter os ânimos de Bolsonaro.

Cid também relatou que Braga Netto atuou na entrega de dinheiro oriundo do setor do agronegócio para bancar uma operação da qual, segundo ele, só soube pela imprensa que seria destinada à espionagem e ao assassinato de autoridades.

Depoimentos seguem no STF

O depoimento de Mauro Cid abriu a fase de instrução do processo no STF. Pela lei, o delator é o primeiro a ser ouvido para que os demais réus conheçam previamente as acusações e tenham assegurado o direito à ampla defesa.

Jair Bolsonaro será o sexto a depor, ficando sentado ao lado das defesas de Paulo Sérgio Nogueira e do general Augusto Heleno. Braga Netto, que segue preso no Rio de Janeiro, prestará depoimento por videoconferência e será o último a ser ouvido. Os réus são obrigados a permanecer nas sessões até o momento de seus depoimentos. Após isso, podem ser dispensados da audiência.


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Fonte: Com informações da uol.com

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