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MARIA DA PENHA

Maria da Penha vai ganhar proteção do Estado após sofrer ataques e ameaças da extrema-direita

Grupos estão divulgando notícias falsas que questionam as duas tentativas de feminicídio pelas quais o ex-marido de Maria da Penha foi condenado

Da Redação

Sexta - 07/06/2024 às 14:46



Foto: Reprodução Maria da Penha
Maria da Penha

A farmacêutica e ativista pelos direitos das mulheres Maria da Penha Maia Fernandes vai ganhar proteção do Estado após uma série de ataques de grupos de extrema-direita e dos chamados "red pills" e "masculinistas", que disseminam ódio contra mulheres através das redes sociais.

Esses grupos estão divulgando notícias falsas que questionam as duas tentativas de feminicídio pelas quais o ex-marido de Maria da Penha foi condenado, indo contra todas as informações comprovadas pela Justiça. A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, viajou até o Ceará para tratar com o governador Elmano de Freitas (PT) para tratar sobre a proteção. Além disso, a ministra informou que a casa de Maria da Penha será transformada em memorial para servir como referência no combate à violência contra a mulher.

"É inaceitável que Maria da Penha esteja passando por esse processo de revitimização ainda hoje no Brasil, 18 anos após ter emprestado seu nome a uma das leis mais importantes do mundo para a prevenção e o enfrentamento à violência doméstica e familiar contra mulheres", declarou a ministra.

Nas redes sociais, Elmano de Freitas escreveu sobre o encontro e anunciou a medida: "Tomei conhecimento das ameaças sofridas pela ativista Maria da Penha por grupos de comunidades digitais que disseminam ódio contra as mulheres. São ações repugnantes e inadmissíveis. Conversei com a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, sobre ações para a proteção de Maria da Penha e o Governo do Ceará garantiu a sua inclusão no Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos (PPDDH)."

"Manifesto todo o meu apoio a essa grande mulher, que transformou a dor de ter sido vítima em força para lutar contra a violência motivada pelo machismo. Ressalto ainda que será construído um memorial na casa onde aconteceu o crime contra Maria da Penha. O objetivo é evidenciar ainda mais a importância de fortalecer ações e políticas de combate à violência contra a mulher", disse o governador.

A deputada Erika Hilton também manifestou apoio à ativista e falou sobre os ataques que ela vem sofrendo. "Maria da Penha, que ficou paraplégica devido a violência doméstica e dá nome à nossa Lei de combate à violência de gênero, está sendo ameaçada. O motivo? Um 'documentário' produzido por bolsonaristas que conta a 'versão' do agressor. Em aspas, pois a Justiça já o condenou e  esgotou qualquer possibilidade dele ser inocente. Mas pros bolsonaristas que produziram o 'documetário' e agora a atacam, isso não importa. O que importa é criar narrativas pra atacar os direitos das mulheres abertamente. Nem que pra isso criem uma obra completamente fictícia que protege o perpetrador de crimes bárbaros e atenta novamente contra a integridade física, mental e emocional de uma mulher", escreveu nas redes sociais.

Maria da Penha nasceu em Fortaleza e formou-se na Faculdade de Farmácia e Bioquímica da Universidade Federal do Ceará (UFC), em 1966. Em 1983, ela foi vítima de dupla tentativa de feminicídio pelo marido, pai de suas duas filhas, e ficou paraplégica após receber um tiro na coluna.

Após acionar o poder judiciário cearense, Maria da Penha conseguiu assegurar a sua luta por justiça em 7 de agosto de 2006, quando foi sancionada a lei contra as violações aos direitos humanos das mulheres.

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