
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que as forças de segurança precisam adotar protocolos mais rígidos para proteger os cidadãos durante operações em favelas. Durante uma declaração nesta terça-feira (20), ele defendeu o uso obrigatório de câmeras corporais pelos policiais e criticou abordagens que resultam em alto número de mortes.
"Não podemos entrar só para matar. Os policiais precisam entrar com câmeras", disse Lula, enfatizando que a tecnologia pode garantir maior transparência e controle sobre as ações das forças de segurança. A declaração ocorre em meio a um aumento no número de mortes em operações policiais em comunidades, o que tem gerado críticas de organizações de direitos humanos e de setores da sociedade civil.
Nos últimos anos, casos de abusos e execuções sumárias durante incursões policiais em favelas, especialmente no Rio de Janeiro e em São Paulo, reacenderam as pautas sobre o uso de câmeras corporais. Um estudo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública apontou que estados que adotaram o equipamento, como São Paulo e Santa Catarina, registraram redução na letalidade policial e nas denúncias de abuso de autoridade.
Além da cobrança por transparência nas operações, Lula mencionou a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública, que prevê a unificação dos sistemas de inteligência das polícias civil e militar nos estados. Segundo o presidente, a integração facilitará a troca de informações e permitirá um planejamento mais eficiente das ações, ajudando a evitar mortes de pessoas inocentes.
Apesar das discussões dentro do governo, a PEC ainda não foi encaminhada ao Congresso Nacional. A proposta faz parte de um conjunto de medidas que buscam reformular a segurança pública no país, mas enfrenta resistências entre setores das polícias estaduais, que temem perda de autonomia.
Enquanto isso, especialistas defendem que, além da adoção de câmeras e da melhoria na inteligência policial, é necessário investir em políticas públicas voltadas para a redução da violência nas comunidades. Segundo dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), apenas no Rio de Janeiro, 1.330 pessoas foram mortas em operações policiais em 2023. Organizações como a Anistia Internacional e a Human Rights Watch cobram que o governo estabeleça diretrizes mais claras para evitar execuções extrajudiciais e garantir o respeito aos direitos humanos nas ações de segurança.
Fonte: Secom