
A criação de uma Central de Compras para a realização de licitações conjuntas foi uma das pautas discutidas na primeira reunião de trabalho do Consórcio Nordeste, na manhã desta segunda-feira (29), no auditório do Centro de Operações e Inteligência (COI), no Centro Administrativo da Bahia, em Salvador (BA). Também foi proposta a criação de um programa de formação de médicos para suprir a falta de profissionais com o fim do programa Mais Médicos do governo federal.
A aprovação de um planejamento estratégico para os próximos 12 meses, além da organização de viagens internacionais que serão feitas pelos integrantes do consórcio, também foi pauta do encontro na Bahia.
De acordo com o governador da Bahia, Rui Costa (PT), já estão definidas visitas oficiais dos governadores à Alemanha, Itália, Espanha e França, em novembro, com o objetivo de fazer negócios com investidores em torno de obras e do turismo regional. Em seguida, ainda sem data definida, também estarão na agenda viagens à Ásia, passando por China, pelas Coreias e pela Rússia.
O petista não conseguiu estimar a economia que será feita pela região com licitações conjuntas, mas afirma que itens da área de saúde e educação, como remédios, aparelhos de diagnósticos e insumos hospitalares, serão mais baratos por causa da larga escala. Ao todo, os Estados nordestinos reúnem um universo de 55 milhões de habitantes.
Águas passadas
Os governadores minimizaram o discurso preconceituoso e pejorativo do presidente da República, Jair Bolsonaro, contra os nordestinos, depois dele ser flagrado chamando os governadores da região de "paraíbas".
Na primeira reunião do Consórcio dos Estados do Nordeste, que aconteceu nesta segunda-feira (29), em Salvador, teve quem dissesse que aquelas declarações "são águas passadas" e que o episódio foi "infeliz, extremamente infeliz".
"Para a gente, são águas passadas. Não interessa esse tipo de disputa. Para os governadores, interessa ter uma relação republicana e de respeito, que os Estados merecem. Merecem pelo povo nordestino. E é isso que nós vamos buscar", afirmou o governador da Paraíba, João Azevedo (PSB).
"Os governadores representam, acima de tudo, a voz desse povo que exige respeito do governo federal, que, a partir de suas demandas apresentadas, quer solução para isso. E isso nós vamos buscar. A relação republicana, independente de quem esteja sentado na cadeira de presidente, ela tem que estar acima de qualquer outro tipo de relação", pregou. "Durante a campanha, toda as vezes que eu me apresentava eu dizia que meu nome era João. Depois disso eu passei agora a ser também João Paraíba", riu Azevedo.
Foi a primeira vez que os governadores do Nordeste se reuniram desde as declarações polêmicas de Bolsonaro. Na ocasião, o grupo emitiu nota criticando o uso do termo "paraíba" de forma pejorativa pelo presidente. Agora, o tom do discurso político foi moderado.
Rui Costa também evitou ser incisivo contra Bolsonaro, fugindo de polêmica. "O objetivo é na verdade ajudar o Brasil a crescer, a superar a crise, um país que vive infelizmente há 5 anos em crise e o motivo principal eu considero que é a falta de confiança no país, a falta de segurança jurídica e institucional. E nós não podemos cruzar os braços. Essas ações são para alavancar a economia e sobrar um pouco de recurso. Nós não podemos ficar esperando, já que o Brasil não acena, não aponta a retomada do crescimento", disse Costa, que na semana passada não foi à inauguração do Aeroporto de Vitória da Conquista, terceiro maior município da Bahia, que foi transformada num palanque político pelo presidente, segundo o governador. A obra, que foi executada com maioria de recursos federais e uma contrapartida do governo da Bahia, foi autorizada durante o governo Dilma Rousseff (PT). Bolsonaro aproveitou a oportunidade para posar ao lado do prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), inimigo político de Rui Costa.
A reunião do Consórcio dos Estados do Nordeste, que contou com a presença de sete dos nove governadores da região, também é a primeira após a oficialização do bloco, que teve seu CNPJ registrado nas últimas semanas. Não estão presentes o cearense Camilo Santana e o alagoano Renan Filho, que enviaram para a agenda os seus vice-governadores Izolda Cela e Luciano Barbosa, respectivamente.
Reunião do Consórcio Nordeste em Salvador (BA) (Foto: Divulgação/Governo do Ceará)
Fonte: A Tarde