Se Odorico Paraguaçu, da novela O Bem-Amado, fosse candidato a prefeito de Sucupira nas próximas eleições, ele teria dificuldades em se eleger. Para ter sucesso, precisaria deixar de lado o populismo e focar em propostas efetivas para áreas como saúde, educação, infraestrutura, segurança, saneamento e emprego.
Segundo o economista Jorge Jatobá, prefeitos com o perfil de Odorico estão se tornando obsoletos. Hoje, os eleitores valorizam candidatos com propostas sólidas para gerar empregos e promover o crescimento econômico. “Os prefeitos precisam se concentrar em melhorar a economia local e a infraestrutura para atrair investimentos”, diz Jatobá.
Ele acredita que uma boa gestão deve envolver a comunidade e buscar apoio de outros níveis de governo. “Quanto melhor o município for administrado, mais ele atrai investimentos e empresas”, explica.
O técnico do Ipea, Cláudio Hamilton Matos dos Santos, confirma que o crescimento econômico resulta de um esforço conjunto entre o setor público e privado. Já Paulo Ziulkoski, da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), destaca que, além de criar empregos, a qualidade dos serviços públicos e o estímulo à iniciativa privada são essenciais para uma gestão bem-sucedida.
Brasília - O presidente da Confederação Nacional de Municípios, Paulo Ziulkoski - Foto José Cruz/Agência Brasil
Karina Duailibi, cientista política, destaca que o sucesso de um prefeito depende de sua habilidade de promover o desenvolvimento e criar empregos. Em grupos focais, os eleitores enfatizam que a criação de empregos é uma demanda central das prefeituras. Nos últimos anos, o Brasil viu uma transferência de empregos de grandes cidades para municípios de médio porte devido ao agronegócio, expansão de unidades de saúde e educação. Prefeitos que atraem empresas e transformam suas cidades são bem avaliados.
Jorge Alexandre Neves, sociólogo, observa que a criação de empregos é uma das principais preocupações nas pesquisas eleitorais. A falta de propostas nessa área pode prejudicar candidatos à reeleição, especialmente se cidades vizinhas estiverem atraindo investimentos.
Gérson Engrácia Garcia, especialista em pesquisa de mercado, aponta que muitos acreditam que altos impostos municipais afastam empresas. Para cidades menores, Karina Duailibi afirma que a prefeitura muitas vezes é o principal empregador, em vez de ser um indutor de crescimento.
Cláudio Hamilton Matos dos Santos, do Ipea, explica que a descentralização de políticas aumentou os recursos e empregos nas prefeituras. Paulo Ziulkoski, da CNM, destaca que os municípios são grandes empregadores, com muitos funcionários na educação e saúde.
O Censo Demográfico 2022 do IBGE mostra que a maioria dos municípios brasileiros são de pequeno porte, com salários e empregabilidade mais baixos.
Brumadinho, Minas Gerais - Imagem Google Maps
Gérson Engrácia Garcia explica que em cidades pequenas, as opções de trabalho são escassas. Muitos moradores acabam trabalhando na prefeitura ou no comércio local, que frequentemente não paga o salário mínimo e não faz registro em carteira. Como resultado, muitos vivem em condições de subemprego.
Segundo Garcia, os grupos mais vulneráveis a essas condições são pessoas com mais de 40 anos sem qualificação, mães tentando retornar ao mercado de trabalho, e jovens recém-formados no ensino médio que não encontram emprego.
Esses indivíduos frequentemente enfrentam a escolha entre migrar para cidades mais promissoras ou se contentar com empregos informais em suas próprias cidades. “Alguns trabalham como mototaxistas, fazem pequenos consertos, oferecem serviços diversos ou vendem produtos como bugigangas, peças íntimas, perfumes e cosméticos”, afirma Garcia.
Fonte: Agência Brasil
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