Política

ABIN PARALELA

Documentos de ex-diretor da Abin orientavam Bolsonaro a atacar as urnas eletrônicas

Nos arquivos enviados por Alexandre Ramagem, ele diz que o TSE tentaria um golpe contra Bolsonaro

Da Redação

Sexta - 26/07/2024 às 13:30



Foto: Domingos Peixoto/O Globo Alexandre Ramagem chega para depor na superintendência da Polícia Federal do Rio
Alexandre Ramagem chega para depor na superintendência da Polícia Federal do Rio

O ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, está no centro de uma polêmica após depor à Polícia Federal (PF) sobre documentos encontrados em seu e-mail. Esses documentos continham orientações ao ex-presidente Jair Bolsonaro, abordando temas sensíveis e estratégias controversas.

Os textos presentes nos arquivos de Ramagem revelam uma série de recomendações, incluindo ataques às urnas eletrônicas e questionamentos sobre a lisura das eleições. Em um desses documentos, intitulado "Presidente TSE informa.docx", Ramagem sugere que Bolsonaro reforce politicamente a "vulnerabilidade" das urnas eletrônicas. O ex-diretor afirma ter pesquisado e mantém a "total certeza" de que houve fraude nas eleições de 2018, com a vitória do presidente no primeiro turno. No entanto, ele não especifica como essa suposta fraude teria ocorrido.

O arquivo também instrui Bolsonaro a minar a confiança nas urnas eletrônicas, mesmo com informações comprovadamente falsas e sem fundamento. Ramagem argumenta que a urna já está em "total descrédito perante a população" e que é necessário enfatizar essa questão. Ele alega que a vulnerabilidade das urnas foi demonstrada em 2018 e deve ser trazida à tona novamente. 

Além disso, o depoimento de Ramagem menciona a formação de um grupo de confiança para aprofundar a análise das urnas eletrônicas. Esse grupo contaria com a colaboração do major da reserva do Exército, Angelo Martins Denicoli, que está sob investigação por supostamente integrar um plano golpista. Ramagem, no entanto, afirma não se lembrar desse fato e nega ter trabalhado com o militar mencionado no documento.

Em outro arquivo, intitulado "Presidente.docx", Ramagem sugere que Bolsonaro deveria adotar uma atitude hostil e belicosa, considerando a batalha política iminente para as eleições de 2022. Ele destaca que o ex-presidente não enfrentou apenas uma quebra de paradigma, mas uma ruptura com os esquemas de poder tradicionais.

"Bom dia, presidente. O Sr. mais do que ninguém conhece o sistema e sabe que não houve apenas quebra de paradigma na sua eleição, mas ruptura com esquema dos poderes (...) nenhuma crise conseguiu enfraquecer sua base e não aparenta haver políticos à altura de vencê-lo em 2022. Portanto, parece que a batalha maior será agora, requerendo atitude belicosa com estratégia", relata o arquivo encontrado pela PF.

O documento, sem qualquer prova, apresentou que poderia haver um movimento de "golpe" no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra o Bolsonaro. "Há armadilhas sendo colocadas. O inquérito do Celso de Mello possui relação com o inquérito das fake news do Alexandre de Moraes com intuito de fundamentarem o golpe no TSE", pontua o arquivo apresentado, fazendo referência a procedimentos envolvendo o ex-presidente que tramitavam na Justiça.

O documento encontrado no e-mail de Ramagem, a partir de uma quebra de sigilo autorizada judicialmente, revela ainda que o ex-chefe da Abin provia para Bolsonaro relatos difamatórios e sem qualquer comprovação de irregularidade sobre o ministro Alexandre de Moraes, do STF, alvo preferencial de ataques do ex-presidente e seus aliados.

Fonte: O Globo

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