Política

LAVA JATO

Defesa de Youssef consegue acesso a áudios de grampo ilegal e Lava Jato pode ser anulada

Cerca de 210 horas de gravações ilegais na cela do doleiro foram obtidas pela defesa dele

Da Redação

Quinta - 18/07/2024 às 12:45



Foto: Ton Molina/Fotoarena/Folhapress Acesso a áudios de grampo ilegal podem anular delações da Lava Jato
Acesso a áudios de grampo ilegal podem anular delações da Lava Jato

A defesa de Alberto Youssef, cuja delação premiada embasa os principais processos da operação Lava Jato, obteve acesso a mais de 210 horas de áudios gravados em um grampo ilegal instalado na cela do doleiro. As gravações foram feitas em 2014, por 10 dias consecutivos, na carceragem da Polícia Federal.

O acesso às gravações foi concedido por decisão judicial do juiz Guilherme Roman Borges, substituto na 13ª Vara Federal de Curitiba. Um processo que investiga a escuta ilegal está em tramitação e agora os advogados de Youssef devem concluir a perícia dos áudios para prosseguir com a ação. Isso pode fornecer uma prova crucial que contradiz os investigadores da Lava Jato, que sempre negaram a existência do grampo. Mais do que isso, as gravações têm o potencial de anular a delação de Youssef e comprometer os principais resultados da operação.

“Todas as provas derivadas da delação de Alberto Youssef, em 2014, podem ser atingidas, caso o STF considere que a própria delação de Youssef é nula porque teria sido amparada em prova ilícita, ou seja, numa escuta ilegal na cela onde ele ficou. Com isso, cerca de 90% das delações fechadas podem cair, é a ‘teoria dos frutos da árvore envenenada’. Aliás, este era o grande temor de Deltan Dallagnol, segundo aqueles diálogos publicados na chamada Vaza Jato, da Operação Spoofing”, disse uma fonte com acesso aos autos da Lava Jato.

Entre as descobertas feitas até agora pela defesa de Youssef, há 26 arquivos que foram apagados antes de o material ser recolhido pela Justiça. “Boa parte dos áudios foi deletada, supostamente pelos próprios delegados da PF ligados a Sergio Moro na época, inclusive Erika Marena e Marcio Anselmo, que eram os destinatários das gravações ilegais segundo a palavra do agente da PF Dalmey Werlang, que teria instalado a escuta ilegal na cela. Alguns áudios sobreviveram e agora estão nas mãos de um técnico que tenta melhorar a qualidade dos arquivos. Cai toda a operação, pelo que se vê aqui. Foram erros gravíssimos já nos primeiros dias da operação, tudo que Moro e os delegados envolvidos faziam era ilegal”, completou a fonte.

Preliminarmente, a defesa de Youssef pretende pedir a anulação da delação e entrar na Justiça contra Sergio Moro, que, como juiz responsável pela operação, negou por três vezes o acesso aos áudios. O processo deve ser levado ao Supremo Tribunal Federal e ao Conselho Nacional de Justiça, onde estão Gilmar Mendes e Luís Felipe Salomão, respectivamente.

Fonte: Revista Forum

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