A Coluna Prestes, conhecida por alguns historiadores como Coluna Miguel Costa - Prestes, completa 100 anos nesta segunda-feira (28). Composta por 1.500 homens e mulheres, a maioria soldados de baixa patente, a marcha percorreu cerca de 25 mil quilômetros em dois anos e meio, passando por diversos estados e nunca sendo oficialmente derrotada.
Apesar de Luís Carlos Prestes ser o nome mais associado ao movimento, o comando também foi dividido com Miguel Alberto Crispim Rodrigo da Costa, militar da Força Pública de São Paulo. Miguel Costa, um argentino naturalizado brasileiro, teve papel essencial ao unir os revoltosos de São Paulo com o agrupamento liderado por Prestes no Rio Grande do Sul, salvando os gaúchos da fome e do frio após a Revolta Paulista de 1924.
O "lado humano" de Prestes e os desafios da Coluna
Enquanto Miguel Costa foi o estrategista militar, Prestes ficou conhecido pelo seu envolvimento próximo com a tropa. Segundo o jornalista Domingos Meirelles, autor do livro As Noites das Grandes Fogueiras, Prestes alfabetizava soldados e permanecia ao lado dos feridos mais graves, conquistando a admiração da tropa.
Durante as batalhas, embora o Exército Brasileiro fosse um dos principais opositores, os maiores desafios vieram dos latifundiários, que armavam seus capangas em batalhões patrióticos, a mando do governo. Esses grupos frequentemente complicaram mais a vida dos rebeldes do que as forças oficiais.
Bandeiras e legado da Coluna Miguel Costa - Prestes
A Coluna foi um movimento insurrecional que se posicionou contra o poder das oligarquias da República Velha, especialmente a política do café com leite, na qual São Paulo e Minas Gerais se alternavam na presidência. Além disso, seus integrantes, muitos analfabetos ou semiletrados, defendiam causas populares, como:
- Voto secreto (em oposição ao "voto de cabresto");
- Educação pública e obrigatória;
- Fim da pobreza e da injustiça social;
- Reforma agrária.
A socióloga e neta de Prestes, Ana Prestes, destacou a importância do movimento por sua conexão com a população abandonada pela República Velha. Para ela, a Coluna trouxe o ideal de um país voltado para seus próprios cidadãos: "A Coluna foi formada por homens e mulheres que amaram o Brasil por dentro".
Impacto na Revolução de 1930 e além
O movimento nunca foi derrotado oficialmente, mas sua crítica ao governo oligárquico enfraqueceu as bases do regime. A insatisfação da Coluna e de outros grupos dissidentes culminou na Revolução de 1930, que colocou Getúlio Vargas no poder e encerrou a política tradicional da República Velha. O período varguista, que se estendeu até 1945, consolidou o Brasil como um país em transição de agrário para industrial.
Além de inspirar líderes revolucionários como Mao Tse Tung e Fidel Castro, a Coluna Prestes também ajudou a moldar um novo rumo para o Brasil, pavimentando o caminho para a modernização e reformas que marcaram a Era Vargas.
Fonte: Agência Brasil