
O senador Ciro Nogueira (PP-PI), presidente nacional do PP e ex-ministro da Casa Civil do governo Bolsonaro, moveu-se rapidamente para tentar conter o impacto das acusações que ligam seu nome ao Primeiro Comando da Capital (PCC). Nesta segunda-feira (1º de setembro), ele formalizou ao Senado pedindo a recuperação de todos os registros de visitas ao seu gabinete parlamentar. O objetivo é utilizar esses dados como peça central em sua defesa contra alegações de que teria recebido propina de integrantes da facção.
A reação do parlamentar foi imediata após a publicação de uma reportagem pelo portal ICL Notícias, no domingo (31 de agosto), com base em declarações anônimas de uma testemunha à Polícia Federal. De acordo com a matéria, Ciro Nogueira teria recebido uma sacola com dinheiro vivo de Mohamad Hussein Mourad, conhecido como “Primo”, e Roberto Augusto Leme da Silva, o “Beto Louco”, ambos apontados como líderes de um esquema bilionário de combustíveis comandado pelo PCC. O suposto encontro teria ocorrido em seu gabinete, ainda em 2024.
Ciro se mostrou indignado com essa acusação absurda. "Não recebi propina, não tenho qualquer relação com facções criminosas e estou tomando todas as medidas para provar a minha inocência", afirmou o senador".
Além do pedido de acesso aos registros de entrada no Senado, Nogueira já havia enviado um ofício ao Ministério da Justiça, comandado por Ricardo Lewandowski, negando categoricamente as acusações e colocando à disposição dos investigadores seus sigilos telefônico e de gabinete. Ele também exigiu “rigorosa e urgente apuração” para esclarecer o caso.
A estratégia de defesa evidencia o tom de urgência adotado pelo parlamentar, que integra o chamado Centrão e é considerado aliado fiel do ex-presidente Jair Bolsonaro. As acusações, ainda que não comprovadas, representam um golpe significativo para sua trajetória política, marcada por anos de atuação no Congresso e passagem pelo comando de um dos ministérios mais poderosos do governo anterior.
A solicitação dos registros de visitas é vista como uma tentativa de embasar juridicamente sua versão e contestar publicamente as informações divulgadas. Caso os dados não confirmem a presença dos acusados em seu gabinete na data mencionada, Nogueira espera fortalecer sua narrativa de inocência.
A Polícia Federal não se manifestou publicamente sobre o depoimento em questão, e as investigações sobre o esquema do PCC seguem em andamento.