Política

INVESTIGAÇÃO

​Bolsonaro admite reunião com diplomata dos EUA, mas omite conteúdo do encontro

Ex-presidente depôs nesta quinta (5) sobre apuração que mira ações de Eduardo Bolsonaro nos EUA; omissão alimenta suspeitas sobre articulação internacional contra o STF

Da Redação com informações do Brasil 247

Sexta - 06/06/2025 às 08:59



Foto: Lula Marques/Agência Brasil Ex-presidente Jair Bolsonaro durante declaração a imprensa após virar Réu no STF
Ex-presidente Jair Bolsonaro durante declaração a imprensa após virar Réu no STF

Em depoimento prestado nesta quinta-feira (5) à Polícia Federal, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) confirmou ter se reunido no último dia 6 de maio com Ricardo Pita, conselheiro sênior do Departamento de Estado dos Estados Unidos para Assuntos do Hemisfério Ocidental. O encontro, realizado em sua residência, ocorreu no momento em que o Supremo Tribunal Federal (STF) e a PF investigam supostas articulações internacionais que visariam pressionar instituições brasileiras, como o próprio Supremo.

A convocação de Bolsonaro para prestar esclarecimentos foi determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito que investiga a atuação do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos Estados Unidos. O foco da apuração é verificar se houve tentativas de deslegitimar o sistema institucional brasileiro com apoio de parlamentares e autoridades norte-americanas.

Durante a oitiva, Bolsonaro confirmou a reunião com o diplomata dos EUA, mas se recusou a informar o teor da conversa. “Foi uma conversa de teor reservado”, limitou-se a dizer o ex-presidente aos investigadores. A postura evasiva despertou novas desconfianças entre os responsáveis pelo inquérito, que enxergam no silêncio uma possível estratégia para proteger informações sensíveis.

A investigação busca compreender se houve, por parte de Eduardo, articulações com autoridades norte-americanas para aplicar sanções contra membros do Judiciário ou de outras instituições brasileiras. Questionado diretamente sobre esse ponto, Bolsonaro negou ter pedido ou articulado qualquer tipo de sanção. Também afirmou que não enviou “documentos, relatórios ou dossiês” ao exterior envolvendo o STF, a Procuradoria-Geral da República (PGR) ou a própria Polícia Federal.

Apesar disso, a recusa em detalhar os assuntos tratados com o diplomata americano reforçou suspeitas de que haja, de fato, um nível de interlocução entre representantes da extrema direita brasileira e conservadores estrangeiros. A dúvida que paira entre investigadores e observadores políticos é: o que exatamente um ex-presidente investigado por conspiração teria a tratar, a portas fechadas, com um diplomata de alto escalão dos Estados Unidos?

A movimentação já provocou reações no exterior. O secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, declarou estar atento ao desenrolar do caso. “Isso está sendo analisado agora. E há uma grande possibilidade de que isso aconteça”, afirmou ao ser questionado sobre possíveis sanções envolvendo autoridades brasileiras.

A Polícia Federal prossegue com as investigações e já mapeia possíveis conexões entre recursos financeiros, reuniões internacionais e o discurso sistemático de desacreditar as instituições democráticas brasileiras. A estratégia de silêncio adotada por Bolsonaro pode, segundo fontes da PF, ser interpretada como um sinal de alerta, e não como tática de defesa.

Fonte: Brasil 247

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