Política

GABINETE DO ÓDIO

Abin paralela: PF indicia Bolsonaro, Carlos Bolsonaro e Ramagem

Final das investigações sobre esquema de espionagem ilegal operado da Abin teve 35 pessoas indiciadas

Da Redação

Terça - 17/06/2025 às 15:28



Foto: Montagem Carta capital Carlos Bolsonaro, Jair Bolsonaro e Alexandre Ramagem
Carlos Bolsonaro, Jair Bolsonaro e Alexandre Ramagem

A Polícia Federal finalizou as investigações sobre um esquema de espionagem ilegal supostamente operado dentro da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo de Jair Bolsonaro. No relatório final, a PF pediu o indiciamento de 35 pessoas, incluindo o ex-presidente, seu filho Carlos Bolsonaro e o deputado federal Alexandre Ramagem, que comandou a Abin à época.

De acordo com a PF, Ramagem teria estruturado um núcleo dentro da agência para monitorar ilegalmente opositores do governo. As informações coletadas por meio de um software espião eram compartilhadas com Carlos Bolsonaro, que coordenaria um grupo dedicado a ataques e difamações nas redes sociais — o chamado "gabinete do ódio". Ainda segundo o relatório, Jair Bolsonaro tinha conhecimento do funcionamento da estrutura e se beneficiava diretamente do material obtido.

A apuração revelou que servidores da própria Abin e policiais formaram uma organização criminosa para invadir celulares, computadores e rastrear autoridades de diferentes esferas dos Três Poderes, além de jornalistas e figuras públicas. Entre os alvos estariam ministros do Supremo Tribunal Federal, como Alexandre de Moraes, e parlamentares como Rodrigo Maia, Arthur Lira e Renan Calheiros.

O relatório também aponta que parte da atual direção da Abin tentou interferir nas investigações, resultando no indiciamento de nomes da gestão atual por obstrução de Justiça, incluindo o atual diretor da agência, Luiz Fernando Corrêa. Com a conclusão do inquérito, o documento será encaminhado ao Supremo Tribunal Federal. Caberá à Procuradoria-Geral da República avaliar se oferecerá denúncia contra os envolvidos.

Sobre o indiciamento, Carlos Bolsonaro afirmou que o indiciamento tem motivações políticas. A Abin informou que não irá se pronunciar, e até o momento, nem a defesa de Bolsonaro nem o gabinete de Ramagem se manifestaram.

A conclusão da investigação reforça o debate sobre a necessidade de reformulação da Abin. Para setores da PF, a agência de inteligência tem atuado de maneira indiscriminada e sem controle efetivo, o que representa um risco à legalidade e à democracia.

Fonte: G1

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