
Em audiência de instrução e julgamento realizada nesta sexta-feira (5) em Parnaíba, os réus Maria dos Aflitos da Silva e Francisco de Assis Pereira da Costa, acusados de envenenar oito pessoas, culparam uns aos outros pelas mortes. Em seu depoimento, que durou cerca de 20 minutos, Maria dos Aflitos negou a participação nos crimes e disse que "estou pagando uma coisa que eu não devo".
Maria dos Aflitos acusou seu ex-companheiro, Francisco de Assis, pelas mortes de seus filhos e netos, afirmando que só começou a desconfiar dele após os falecimentos ocorridos depois do Réveillon. A ré, que antes acreditava que a morte de seus dois netos teria sido causada por um caju, percebeu que a causa do envenenamento não era a fruta.
Ela também levantou a suspeita de um suposto envolvimento de Francisco de Assis com a vizinha, Maria Jocilene, que também morreu envenenada. “Eles conversavam muito escondido. Quando eu ia chegar perto para escutar a conversa, eles cortavam", disse a acusada, negando qualquer envolvimento amoroso com a vizinha. Maria dos Aflitos ainda afirmou que Jocilene estava “muito nervosa” após a prisão de De Assis e sugeriu que ela teria envolvimento nas mortes dos familiares.
Em seu depoimento, Francisco de Assis chamou Maria dos Aflitos de "desequilibrada" e negou ter preparado o almoço do dia 1º de janeiro, atribuindo a tarefa a Jocilene. Ele negou ter participado das mortes e também acusou a vizinha, que morreu envenenada, pelos crimes. O advogado de acusação questionou o réu sobre a mudança de sua versão, já que ele só agora, mais de um ano depois, culpa uma pessoa que não pode se defender.
O caso
Maria dos Aflitos e Francisco de Assis são acusados pela morte de oito pessoas — sete da mesma família e uma vizinha — e pela tentativa de homicídio contra outras duas. Ambos estão presos preventivamente desde março deste ano. As investigações revelaram que o casal utilizou terbufós, uma substância encontrada em agrotóxicos, para cometer os crimes em três momentos distintos, desde agosto de 2024. O caso chocou o Piauí devido à gravidade dos crimes.