
Um “tribunal do crime” realizado dentro de uma escola da zona Sul de Teresina decidiu pela execução do estudante Alex Mariano Nascimento Moura. A sentença foi cumprida minutos depois, ainda dentro da Unidade Escolar Residencial Esplanada, onde ele foi morto a tiros por um adolescente de 17 anos. A Polícia Civil do Piauí, por meio do Departamento de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (DRACO), prendeu e apreendeu quatro pessoas envolvidas na execução de Alex Mariano.
Segundo as investigações da Polícia Civil, a motivação teria sido uma publicação de Alex Mariano nas redes sociais, restrita a “melhores amigos”, onde ele aparecia com uma pistola Beretta. Uma adolescente mostrou a imagem a integrantes de uma facção, que passaram a suspeitar que ele fazia parte de um grupo criminoso rival.
Durante o depoimento, o menor T.G.S.M., conhecido como “Neguinho”, contou que, ao tomar conhecimento da postagem, membros da facção, identificados como I.S.B. (“Balinha”), B.B.R. e A.A.P. (“Maguim”), organizaram um julgamento informal no interior da escola. Nesse “tribunal do crime”, decidiram pela morte do estudante.
De acordo com a polícia, o grupo abordou Alex, tomou seu celular e confirmou a ligação com a facção rival. A.A.P. ficou com o aparelho e saiu da escola, prometendo voltar para executar a sentença. Minutos depois, ele retornou armado, foi até o fundo da unidade escolar e, após ser chamado por “Neguinho” sob o pretexto de devolver o celular, efetuou os disparos. Alex morreu no local.
Prisões
Com as identidades e a motivação confirmadas, o DRACO iniciou uma operação ainda na madrugada desta quinta-feira (14). A mãe de outro menor envolvido procurou a delegacia levando o filho, que confessou ter participado do “tribunal do crime” e confirmou a dinâmica do homicídio.
Além de T.G.S.M., foram presos a mulher A.P.C., acusada de enviar a foto da vítima para os criminosos, um homem maior de idade e o menor B.B.R., todos suspeitos de participação direta no julgamento e execução.
Imagens e fuga
Câmeras de segurança da escola mostram que, minutos antes do crime, um homem de capacete caminhava próximo ao muro. Logo após a abordagem à vítima, ele é flagrado pulando o muro e fugindo – momento que coincide com a correria de alunos após os disparos.
Histórico do atirador
O executor identificado como A.A.P., de 17 anos, possui um longo histórico de atos infracionais, incluindo roubos, tentativas de roubo e duas internações anteriores no Centro Educacional de Internação Provisória (CEIP). Menos de um mês após receber liberdade assistida, ele participou do homicídio.
O secretário de Segurança Pública, Chico Lucas, afirmou que o caso evidencia a atuação de facções dentro de escolas e a fragilidade da legislação para punir adolescentes envolvidos com crimes graves. “A demora no julgamento de processos por atos infracionais graves faz com que adolescentes sejam colocados em liberdade ‘assistida’ de forma abrupta. A cada nova ocorrência, reforça-se a sensação de impunidade, estimulando a reincidência e aumentando a audácia dos jovens infratores”, pontuou.
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Fonte: SSP-PI