Milhares de manifestantes tomaram as ruas de Buenos Aires neste sábado (1º) na Marcha Federal do Orgulho Antifascista e Antirracista. Organizado por movimentos sociais, o ato foi uma resposta às declarações do presidente Javier Milei, que, durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, atacou pautas como o feminismo, a identidade de gênero e o ambientalismo.
Entre os participantes estavam representantes de sindicatos, organizações de direitos humanos e coletivos históricos como as Mães e Avós da Praça de Maio. Faixas e cartazes denunciavam a escalada do discurso de ódio e da repressão política no país.
A manifestante Daniela Pugliese, mulher transexual, expressou preocupação com o impacto das declarações presidenciais na vida da comunidade LGBTQIA+. “Consideraram mais a minha imagem do que a minha capacidade. Sou uma pessoa formada, tenho diploma superior, ensino médio completo, experiência profissional e, ainda assim, me custou horrores conseguir trabalho”, afirmou. Segurando um cartaz com a mensagem “Sou parte desta sociedade. Basta de ódio”, ela reforçou a necessidade de resistência: “Temos direito de viver, de trabalhar, de ter filhos, de ter família.”
O discurso de Milei em Davos gerou forte reação internacional ao acusar pessoas trans de “prejudicar irreversivelmente crianças saudáveis através de tratamentos hormonais e mutilações”. Além disso, o presidente defendeu sua política econômica de austeridade, mesmo diante do impacto sobre a população mais vulnerável, e elogiou líderes da extrema direita global, como Donald Trump e Viktor Orbán.
Para Pablo, um dos manifestantes, a mobilização transcende as fronteiras argentinas. “A importância de estar aqui é pela democracia, pelos direitos humanos, e isso deve ser um valor em todo o mundo. Na Ásia, na Europa, na América do Norte e na América Latina, a democracia está em perigo.”
A assembleia antifascista LGBTQIA+ também reforçou a necessidade de união diante da atual conjuntura política: “A resposta à violência econômica, à perseguição política e à repressão sexual do governo de Javier Milei tem as cores da nossa comunidade. Juntos e em aliança por todo o país, articulando todas as nossas diferenças, precisamos uns dos outros agora.”
Fonte: Brasil de Fato