
Em meio à escalada de tensão no Oriente Médio, a embaixada brasileira em Teerã enfrentou três dias seguidos sem conexão com a internet, ao mesmo tempo em que bombardeios israelenses se aproximam perigosamente do bairro onde está localizada a representação diplomática. A interrupção total do serviço durou até o último fim de semana e ocorreu enquanto explosões atingiam áreas cada vez mais próximas ao endereço da missão brasileira, no bairro de Zafaranieh, região nobre da capital iraniana.
Segundo revelou a colunista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, a embaixada do Brasil ficou sem acesso à internet entre quarta-feira (18) e sábado (21), enfrentando dificuldades severas para se comunicar com Brasília e com os cidadãos brasileiros residentes no Irã. A conexão foi parcialmente restabelecida entre o sábado e o domingo (22), mas ainda apresentava instabilidades.
A situação se agravou na manhã desta segunda-feira (23), quando novos bombardeios foram registrados nas proximidades da missão diplomática. As explosões, segundo fontes da imprensa iraniana e internacional, atingiram alvos como a prisão de Evin, localizada no bairro homônimo, limítrofe a Zafaranieh, a sede do Basij, organização paramilitar vinculada à Guarda Revolucionária do Irã, e instalações do serviço de segurança interna.
Apesar de uma aparente trégua nos ataques após ofensivas anteriores, a nova onda de bombardeios intensificou o clima de alerta. O bairro de Zafaranieh, tradicionalmente um dos mais seguros e discretos da capital iraniana, passou a figurar entre as regiões sob risco direto. O temor entre os diplomatas brasileiros é crescente, diante da escalada da violência e da proximidade dos alvos militares e institucionais atingidos.
Ataque cibernético na internet
A interrupção no acesso à internet em Teerã foi determinada pelo próprio governo iraniano, em resposta a um ataque cibernético de grande escala contra o Bank Sepah, banco estatal do país. A ofensiva digital foi reivindicada pelo grupo de hackers Pardal Predador (Gonjeshke Darande, em farsi), conhecido por suas ações coordenadas e por operar com um grau de sofisticação que ultrapassa o de coletivos ativistas tradicionais.
De acordo com a agência Reuters, o Pardal Predador alegou que o banco estaria fornecendo suporte financeiro às forças armadas iranianas, justificando o ciberataque. A operação deixou milhares de correntistas iranianos sem acesso a contas bancárias e gerou filas e desinformação em várias agências. A imprensa israelense sugeriu que o grupo teria ligação com agências de inteligência de Israel, embora o governo israelense não tenha assumido publicamente qualquer envolvimento com os ataques.
Essa não foi a primeira ofensiva cibernética atribuída ao coletivo. Em 2022, o Pardal Predador reivindicou um ataque contra uma siderúrgica iraniana. No ano anterior, foi apontado como responsável por uma falha em larga escala que paralisou o sistema de distribuição de combustíveis no país, gerando uma crise de abastecimento.
Até o momento, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil não se pronunciou oficialmente sobre o caso. Não há relatos de feridos entre os diplomatas, mas a tensão segue alta em Teerã. A continuidade dos ataques levanta preocupações sobre a segurança do corpo diplomático brasileiro e a possibilidade de evacuação emergencial, a depender da evolução do cenário.
Fonte: Brasil 247