
O governo de Israel confirmou nesta segunda-feira (16) a deportação dos últimos três ativistas detidos após a interceptação da missão humanitária Freedom Flotilla Coalition, que navegava rumo à Faixa de Gaza. A embarcação “Selfie Yacht”, parte da flotilha, foi abordada pela Marinha israelense em 8 de junho, sob a acusação de violar o bloqueio marítimo imposto ao enclave palestino.
Os ativistas deportados, um holandês e dois franceses, foram escoltados até a Jordânia pela Travessia de Allenby, segundo autoridades israelenses. A medida encerra a detenção de participantes do grupo internacional, que tinha como objetivo entregar ajuda humanitária a Gaza e denunciar a crise humanitária no território, sob cerco intensificado desde o início da guerra entre Israel e o Hamas, em outubro do ano passado.
A missão ganhou visibilidade mundial por incluir nomes como o da ativista ambiental sueca Greta Thunberg e do brasileiro Thiago Ávila, ambos já deportados por Israel nos últimos dias. A coalizão, formada por organizações civis de diversos países, promove viagens simbólicas que desafiam o bloqueio naval, considerado legal por Israel, mas alvo de críticas de entidades humanitárias.
Nota de repúdio
Em nota divulgada nesta segunda-feira, o Ministério das Relações Exteriores de Israel repudiou a ação e reforçou a legalidade da interdição marítima. “Com relatos recentes de um ‘iate de celebridades’ a caminho de Gaza, o Ministério das Relações Exteriores deseja esclarecer o seguinte: a zona marítima ao largo da costa de Gaza está fechada a embarcações não autorizadas, sob um bloqueio naval legal, em conformidade com o direito internacional”, afirmou a pasta.
O governo israelense também minimizou a quantidade de ajuda transportada, acusando o grupo de usar a ação como estratégia de visibilidade. “O iate alega estar entregando ajuda humanitária. Na verdade, trata-se de um artifício midiático para publicidade (que inclui menos de um único caminhão de ajuda), um ‘iate para selfies’”, declarou o Ministério.
De acordo com o governo, os canais oficiais de envio de auxílio a Gaza continuam funcionando. “Nas últimas duas semanas, mais de 1.200 caminhões de ajuda humanitária entraram em Gaza, vindos de Israel”, destacou o Ministério das Relações Exteriores, que também contabilizou a entrega de cerca de 11 milhões de refeições pela Fundação Humanitária de Gaza.
O comunicado acrescenta ainda que o bloqueio marítimo é mantido por razões de segurança. “Ajudas não autorizadas violam o bloqueio, são ilegais, perigosas e prejudicam os esforços humanitários em curso. Apelamos a todos os atores para que ajam de forma responsável e canalizem a ajuda por meios legítimos”, afirmou o governo israelense.
Bloqueio
O bloqueio à Faixa de Gaza, imposto por Israel desde 2007, após o grupo Hamas assumir o controle do território, voltou ao centro das atenções desde os ataques de 7 de outubro de 2023, quando combatentes do Hamas mataram cerca de 1.200 pessoas em Israel, segundo dados oficiais. Desde então, a resposta militar israelense causou milhares de mortes no território palestino e agravou o colapso humanitário na região.
A Freedom Flotilla Coalition, que organiza missões semelhantes desde 2010, segue afirmando que tentativas como essa são formas pacíficas de desafiar o bloqueio e chamar atenção da comunidade internacional para o sofrimento dos civis em Gaza. A nova deportação marca mais um capítulo da tensão entre ações civis internacionais e as políticas de segurança de Israel no cerco à Faixa de Gaza.
Fonte: Brasil 247