
O documentário israelense-palestino "No Other Land", venceu o Oscar de Melhor Documentário na noite deste domingo (2). Longa expõe a questão do deslocamento forçado de palestinos e a construção de assentamentos israelenses em Gaza.
Co-dirigido pelo ativista palestino Basel Adra e pelo jornalista israelense Yuval Abraham, a produção denuncia as condições de vida dos palestinos, forçados a deixar suas casas devido à expansão de assentamentos judeus e ao uso de territórios para treinamentos militares israelenses.
Ativista Basel Adra e o jornalista Yuval Abraham - Reuters/Daniel ColeDurante o evento, os diretores não apenas celebraram a vitória, mas aproveitaram o palco para destacar a situação política na região, convocando o mundo a intervir de forma decisiva. "Chamamos o mundo a tomar ações sérias para acabar com a injustiça e deter a limpeza étnica do povo palestino", disse Adra. O cineasta enfatizou ainda que a realidade apresentada no filme reflete décadas de resistência à ocupação israelense.
Abraham, por sua vez, ressaltou as disparidades entre sua própria vida, livre de restrições, e a vida de Adra, que vive sob um regime militar que limita sua liberdade. "Não somos iguais. Vivemos em um regime no qual eu sou livre sob leis civis, enquanto Basel está sob uma lei militar que destrói sua vida", afirmou o jornalista israelense, pedindo uma solução política que garantisse os direitos nacionais para ambos os povos.
O filme também expôs as consequências do ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023 e a complexidade do conflito atual, que afeta tanto palestinos quanto israelenses. Abraham criticou a postura dos Estados Unidos, apontando que a política externa americana tem ajudado a bloquear a busca por uma solução pacífica, ao mesmo tempo em que ressaltou que a segurança dos israelenses está atrelada à liberdade e segurança dos palestinos.
Por outro lado, a vitória do filme gerou reações negativas em Israel. O ministro da Cultura, Miki Zohar, reagiu com decepção, acusando o documentário de oferecer uma visão distorcida sobre Israel, especialmente em um momento de grande tensão pós-ataque do Hamas. "Usar a difamação de Israel como ferramenta de promoção internacional prejudica o Estado de Israel", declarou Zohar, lamentando o reconhecimento do filme.
Apesar de ter sido premiado em diversos festivais de cinema internacionais, No Other Land ainda enfrenta dificuldades para ser exibido comercialmente nos Estados Unidos, com os distribuidores se recusando a firmar acordos de exibição, uma situação que Abraham acredita ser motivada por questões políticas. Diante disso, os cineastas optaram por uma distribuição independente, levando o filme a mais de 100 cinemas ao redor do mundo.
Fonte: Brasil 247