"Eu estava seguindo esse cara no Instagram e ele sempre posta o carro dele, um Maserati dourado, dizendo que é rico e que enriqueceu sozinho e ele é muito jovem, tem só 21", diz Jonathan Reuben, 24 anos, um contador.
Ele descobriu um esquema de investimento em moedas estrangeiras por meio de uma conta que seguia no Instagram.
Jonathan é um dentre um número crescente de usuários do Instagram que perderam dinheiro em supostas fraudes na rede social.
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Desde que a pandemia da covid-19 começou, no ano passado, o número médio de denúncias de fraudes no Instagram reportadas a cada mês cresceu mais de 50%, segundo dados da Action Fraud, o centro nacional da polícia do Reino Unido para crimes e fraudes cibernéticas.
Também houve um aumento no valor que usuários dizem ter perdido nesses golpes. Antes da pandemia, o valor médio era 60 mil libras (R$ 449 mil) por mês, mas agora subiu para 200 mil (R$ 1,5 milhão) ao mês.
Singh então ofereceu a usuários que o seguiam no Instagram a chance de acompanhá-lo em suas transações.
"Ele disse que cada negócio que fizesse seria replicado na minha conta quando eu aderisse".
Jonathan disse que Singh prometeu lucros quase imediatos. Jonathan teve então acesso a uma plataforma de investimentos chamada Infinox, onde poderia analisar sua performance.
No início, os lucros aumentaram, e ele investiu mais dinheiro. Mas ele começou a suspeitar depois de alguns meses, quando viu seus investimentos despencarem em dois dias.
"Eu tentei retirar o dinheiro, mas o sistema disse que a operação havia falhado. Eu pedi uma explicação, e a desculpa deles foi que os lucros caíram por causa do Brexit (retirada do Reino Unido da União Europeia). Depois de alguns dias, todo meu dinheiro tinha desaparecido e eu não conseguia mais contatar Gurvin ou qualquer pessoa envolvida", disse Jonathan. "Fiz denúncias à polícia, aos meus bancos e ao Instagram."
'As pessoas são sugadas'
Jake Moore, um especialista em cybersegurança, diz que com muitos jovens participando das redes sociais, golpes como esse se tornaram mais comuns.
"As pessoas são sugadas e querem acreditar nisso, querem esse estilo de vida, especialmente nos dias de hoje, em que jovens têm dificuldade para achar empregos", ele disse. "Há definitivamente mais pessoas buscando formas diferentes e novas de ganhar mais dinheiro."
Ele sugere a usuários de redes sociais que nunca envolvam dinheiro ao lidar com pessoas desconhecidas.
"Há contas que oferecem esquemas maravilhosos para dobrar, triplicar ou quadruplicar seu dinheiro. São golpes", disse ele.
O Facebook, que é dono do Instagram, diz que combate proativamente esse tipo de conteúdo com tecnologias de detecção de spam e que está investigando a conta de Singh.
"Não há espaço para comportamento fraudulento ou inautêncico no Instagram. Nós temos uma equipe de segurança com 35 mil pessoas trabalhando para manter nossas plataformas seguras, e bloqueamos milhões de contas todos os dias", disse um porta-voz do Facebook.
A Autoridade de Conduta Financeira, que regula os mercados financeiros no Reino Unido, disse que Singh foi adicionado a uma lista de agentes financeiros não autorizados.
O órgão recomendou a investidores que só lidem com empresas financeiras autorizadas.
O escritório policial antifraudes disse que está investigando as atividades de Singh, mas que não há inquérito instaurado.
Singh não respondeu os pedidos de entrevista da BBC.
Um portavoz da Infinox, a plataforma usada por Jonathan, rejeitou todas as sugestões de que a empresa teria agido sem integridade ou violado as regras. O portavoz não quis comentar as atividades de Singh por elas não terem vínculo com os serviços oferecidos pela Infinox.
Fonte: BBC NEWS