A Amazônia, reconhecida como a maior floresta tropical do mundo, esconde um fenômeno surpreendente: o rio mais quente do planeta. Localizado na parte peruana da floresta, o Shanay-Timpishka, como é chamado, possui águas que chegam a 90°C, uma temperatura extremamente elevada para um rio. Embora a Amazônia se estenda por oito países, com mais de 60% de seu território no Brasil, essa história se desenrola no Peru.
A lenda do "rio fervilhante" é antiga, sendo mencionada pelo povo inca e, mais tarde, confirmada por espanhóis que chegaram à região há séculos, alguns dos quais teriam morrido ao entrar nas águas. Durante muito tempo, historiadores consideraram essa história apenas uma fábula, uma vez que águas quentes geralmente estão associadas a fontes termais geotérmicas alimentadas por atividade vulcânica, e a Amazônia não possui vulcões.
No entanto, em 2011, o geólogo peruano Andrés Ruzo, doutor pela Universidade Metodista do Sul, no Texas, decidiu investigar a fundo a lenda e confirmou a existência desse fenômeno natural, desafiando as teorias anteriores e revelando um dos mistérios mais fascinantes da natureza.
Andrés Ruzo, especialista em energia geotérmica, descobriu o rio Shanay-Timpishka ainda na infância, ouvindo histórias de seu avô, um pesquisador de culturas indígenas. Décadas depois, ele decidiu investigar como um rio no meio da Amazônia poderia atingir impressionantes 99°C. Sua missão não foi simples, já que o local está isolado na floresta, em uma região protegida por povos indígenas.
Para coletar amostras da água, Ruzo precisou de autorização de uma liderança local, que impôs uma condição: após a análise, ele deveria devolver a água para a terra, para que ela "encontrasse o caminho de volta para casa". O Shanay-Timpishka, com mais de 6 quilômetros de extensão, nasce de um riacho frio e só atinge altas temperaturas após passar por uma fonte termal localizada sob uma rocha que se assemelha a uma cabeça de cobra.
De acordo com o folclore local, a "mãe" do rio é um espírito de cobra gigante, que dá à luz a essa água quente. E quente é pouco para descrever o que Ruzo encontrou: a temperatura máxima registrada foi de 99°C, quente o suficiente para matar animais, como o cientista presenciou em sua pesquisa. Na média, o rio mantém uma temperatura de 86°C, revelando um dos fenômenos naturais mais surpreendentes da região.
A grande pergunta, que ainda não possui uma resposta definitiva, é como o rio Shanay-Timpishka atinge temperaturas tão altas. Embora os estudos realizados por Andrés Ruzo tenham demonstrado que o rio alcança essas temperaturas "independentemente do vulcanismo", ele ainda não conseguiu determinar com certeza o mecanismo por trás desse fenômeno.
Uma das hipóteses levantadas por Ruzo é que as águas do rio se originam nas geleiras dos Andes. O gelo derretido poderia se infiltrar profundamente no solo, onde é aquecido pela energia geotérmica da Terra e, depois, ressurgiria como água quente na região amazônica. Contudo, mais investigações são necessárias para confirmar essa teoria.
O fato incontestável é que o Shanay-Timpishka é, de fato, o rio mais quente do mundo, com temperaturas superiores a qualquer outro sistema geotérmico não vulcânico conhecido.
Fonte: Com informações de Olhar digital