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FATALIDADE

"Não queremos vingança": Pais de Alice fazem apelo após tragédia em escola

Claudio e Dayana, pais de Alice Brasil, cobraram explicações sobre o acidente que matou a filha dentro da escola onde estudava

Malu Barreto

Quinta - 07/08/2025 às 17:10



Foto: Malu Barreto Claudio Sousa e Dayana Brasil, pais de Alice Brasil, 4 anos, que morreu em um acidente dentro de escola de Teresina
Claudio Sousa e Dayana Brasil, pais de Alice Brasil, 4 anos, que morreu em um acidente dentro de escola de Teresina

Com as mãos trêmulas e o olhar fixo nas câmeras, o major do Exército, Cláudio Sousa, pai da menina Alice Brasil, de apenas 4 anos, fez um apelo comovente durante coletiva de imprensa realizada nesta quinta-feira (7). Alice morreu na última terça-feira (5), de traumatismo craniano, após a queda de um móvel em uma sala de brinquedos na unidade Kennedy do Colégio CEV, em Teresina. Segundo a família, até agora a escola não deu explicações concretas sobre o que causou a morte da criança e também não ofereceu suporte psicológico à família.

“Entregamos nossa filha viva e saudável para comemorar seu aniversário com os coleguinhas, junto com o irmão gêmeo. Poucas horas depois, recebemos a notícia de que ela havia morrido na escola. Primeiro disseram que foi um brinquedo, depois a versão mudou. Até agora, não recebemos nenhuma explicação concreta”, relatou o pai.

Cláudio contou que Arthur, irmão de Alice, e outros colegas estavam presentes no momento do acidente e viram tudo. Ele teme que as crianças desenvolvam traumas profundos diante do que presenciaram. “Como vou explicar a uma criança de 4 anos que a irmã, com quem dividia tudo desde o ventre, morreu daquele jeito? Isso não acabou quando Alice nos deixou. Começou ali um trauma silencioso, que pode durar anos, se não for cuidado".

O sepultamento de Alice aconteceu na quarta-feira (6), justamente no dia em que o pai completava aniversário. “O meu aniversário foi enterrar minha filha. Um dia que era para ser de alegria virou o pior da nossa vida. Eu não quero vingança. Eu quero justiça. Para que nenhuma outra criança passe pelo que a nossa Alice passou.”

Apelo por segurança em espaços infantis

Durante a coletiva, Cláudio fez um apelo direto a escolas, creches, colônias de férias e instituições que lidam com o público infantil. “Revejam suas estruturas de segurança. Todas. Seja escola pública, particular, colônia de férias. Isso deveria ser regra. Não podemos admitir que uma criança morra num local onde deveria estar protegida.”

A mãe da menina, a fotógrafa Dayana Brasil, também se manifestou cobrando explicações da escola e reforçando a necessidade de atenção às estruturas. “Ninguém viu que aquele móvel era um risco? A minha filha morreu porque ninguém teve essa atenção. Se isso aconteceu, foi porque houve uma falha e a gente quer entender o que houve. Queremos justiça e atenção. Para que isso nunca mais aconteça com outra criança.”

O último dia de Alice

Dayana relembrou, em detalhes, as últimas horas ao lado da filha, que havia acordado animada para celebrar seu aniversário na escola com o irmão gêmeo, Arthur, na terça-feira (5). “A gente acordou, eu arrumei os dois com a fantasia, fomos felizes para a escola. Teve festinha, parabéns, fiz fotos, deixei eles no integral e prometi buscar mais cedo para abrir os presentes em casa”.

Alice Brasil, morreu aos 4 anos


Por volta de meio-dia, ela trocou mensagens com as professoras perguntando se as crianças estavam bem e recebeu respostas tranquilas. Mas pouco depois, foi surpreendida por uma ligação. “A professora da manhã disse que algo tinha acontecido com a Alice, que estavam levando ela para a UPA. Eu pedi que levassem para o hospital da Unimed, que era o plano dela. Mas disseram no telefone que seria para a UPA do Satélite. Corri desesperada para lá com os documentos, mas chegando lá me disseram que não havia nenhuma criança com aquele nome.”

Sem respostas, a mãe disse que tentou contato com a escola e que em seguida, a mesma professora lhe enviou a localização da ambulância. Dayana dirigiu até o ponto indicado e encontrou a UTI Móvel, onde a filha estava, parada e cercada por coordenadoras.

“Fiz várias perguntas. Ninguém me respondia. Perguntei se ela tinha caído, se bateu a cabeça, se estava consciente. Diziam apenas que o médico ia falar comigo. E foi ali, no meio do trânsito, com a ambulância parada, que o Cláudio chegou e abriu a ambulância. Vimos o que ninguém deveria ver”, relembrou a mãe.

Dayana disse que a imagem era dos profissionais da saúde tentando reanimar a filha, já sem sinais e toda suja de sangue.  “Pediram para a gente sair para não atrapalhar, obedecemos e minutos depois, voltamos e vimos nossa filha sem vida, com a boca roxa. É a cena mais cruel que já presenciei. É uma dor que dilacera. Você vê sua filha ali, e não pode fazer mais nada. Ela não podia mais ouvir minha voz”.

A morte de Alice Brasil é investigada pela Polícia Civil do Piauí. A escola se pronunciou por meio de notas e informou que colabora com as autoridades e que lamenta o ocorrido.

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