
Além de falar de acordes, Luizinho de Aracaju, que é funcionário dos Correio e dirigente da Associação dos Empregados da estatal, avaliou o debate sobre a privatização da empresa. Para o cantor, a estatal cumpre missão uma missão social muito importante.
“O Brasil tem 5.570 municípios. Só os Correios estão em todos. Em povoados onde nem internet chega, é o carteiro que leva documento, encomendas, livro didático”, destaca, lembrando que o suposto “monopólio” da empresa restringe-se às cartas. “Encomenda já é concorrência aberta. Mercado Livre, Amazon e transportadoras privadas usam, inclusive, a malha dos Correios para alcançar áreas onde não vale a pena operar.”
Como servidor público, ele teme que investidores concentrem agências em regiões rentáveis, deixando cidades do interior sem atendimento. “Se privatizar e permitir fechar unidades depois de um ano, garanto que só restam agências em 30 % do país. O restante vira deserto postal.”
O músico cita o serviço postal dos Estados Unidos, é público e deficitário, como exemplo de estratégia de Estado. “Se até o símbolo do capitalismo mantém correios estatais, por que o Brasil, com dimensões continentais, deve entregar tudo ao lucro”?, questiona.
Na mesma linha, ele critica a venda da BR Distribuidora e o impacto sobre os preços nos postos, além de lembrar que contas de luz subiram em estados onde companhias de energia foram privatizadas. “Quando o bem público vira mercadoria, a fatura chega ao consumidor”, resume.
Apesar de se declarar “não radicalmente contra toda privatização”, Luizinho defende critérios claros. “Água, energia, saúde, segurança e comunicação básica devem priorizar o interesse coletivo. Se faltar carta, falta cidadania; se faltar Correio, falta Brasil”.
Acesse a entrevista completa de Luizinho de Aracaju ao portal Piauí Hoje: