Há 16 anos, a adoção da filha caçula, Ana Carla, despertou na assistente social Francimélia Nogueira a missão de garantir que nenhuma criança precisasse crescer em um abrigo. Foi assim que nasceu o CRIA, o Centro de Reintegração Familiar e Incentivo à Adoção, que atua em Teresina com um trabalho que já repercutiu por todo o estado. Ela falou sobre as ações durante entrevista ao Podcast Piauí Hoje, com o jornalista Luiz Brandão.
A instituição atua principalmente com duas frentes: o apoio à adoção, especialmente de crianças mais velhas e adolescentes, e o serviço de acolhimento familiar provisório. Este último é voltado para pessoas que não querem adotar, mas têm disponibilidade para receber uma criança ou adolescente em sua casa temporariamente, até que a Justiça decida se ela retornará à família de origem ou será encaminhada para uma família adotiva.
“O serviço de acolhimento familiar é uma alternativa ofertada pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. É para pessoas que não tenham interesse em adoção, mas que possam cuidar de uma criança provisoriamente”, explica Célia. Atualmente, 20 crianças e adolescentes estão fora dos abrigos graças a esse programa, sendo 12 deles adolescentes, um grupo que tradicionalmente encontra mais dificuldade para conseguir um acolhimento.
A coordenadora ressalta a importância de sair do ambiente coletivo dos abrigos. “Lá não dá para ser feliz. Muitas vezes, a criança ganha um brinquedo de um padrinho e não quer levar para o abrigo porque sabe que vai virar coletivo. Ela não tem uma gaveta para guardar suas coisas. No acolhimento familiar, ela tem um sentimento de pertencimento, sua autoestima é fortalecida”, detalha.
Francimélia durante entrevista ao jornalista Luiz Brandão no estúdio do portal Piauí Hoje O processo para se tornar uma família acolhedora é cuidadoso. Os interessados procuram o CRIA, passam por uma seleção, capacitação e visita domiciliar. “A gente tem que ter total segurança de que essa pessoa tem condição de cuidar bem. Não pode ser alguém que queira a criança só para fazer companhia, como se fosse um cachorrinho. Ela vai ser um filho provisório, com todos os direitos”, enfatiza Francimélia.
Além do acolhimento, o CRIA mantém o projeto “Fortalecendo Vínculos”, que acompanha 25 famílias em situação de vulnerabilidade, incluindo jovens que já passaram pelos abrigos e hoje são mães. A instituição também promove uma manhã de lazer no último sábado de cada mês para todas as crianças dos abrigos de Teresina.
O CRIA também promove campanhas de “adoções necessárias”, voltadas para adolescentes e crianças com deficiência. “Toda criança precisa de uma família, inclusive as maiores ou com algum tipo de limitação. É um desafio cultural que enfrentamos todos os dias.”
Sobre a adoção, Francimélia defende que o amor é uma construção. “Não gosto de romantizar a adoção. Às vezes você não sente nada no primeiro encontro. Mas você constrói porque decide amar. O afeto não tem a ver com sangue. Você pode parir um filho e não ser mãe dele de fato, se não cuidar, se não amar”, reflete.
Para quem quer ajudar, mas não pode adotar ou acolher, existem outras formas de contribuir. É possível ser um padrinho afetivo, levando uma criança para passar finais de semana ou feriados, sendo uma referência de afeto. Também é possível ajudar financeiramente a instituição, ser voluntário nas ações ou comprar no bazar permanente, que fica na Rua São Pedro, 1841, no Centro-Sul de Teresina. “Cada um pode ajudar de alguma forma. Quando a pessoa de fato quer ajudar, ela vai sempre encontrar uma forma de fazer. Você pode ajudar a mudar um destino”, enfatiza Francimélia.
Para acompanhar a entrevista completa, acesse o canal do Portal Piauí Hoje no Youtube, no link abaixo:
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