
Servidores técnico-administrativos da Universidade Federal do Piauí (UFPI) vão aderir a uma paralisação nacional nesta quinta-feira (26), convocada pela FASUBRA Sindical, em protesto contra o que consideram o descumprimento do acordo firmado com o Governo Federal em 2024. A mobilização, também organizada localmente pelo SINTUFPI, ocorrerá na véspera do aniversário de um ano do termo assinado que pôs fim à greve da categoria no ano passado, e deve reunir os trabalhadores em ato no pórtico da universidade, entre 7h30 e 9h, com panfletagem e manifestações públicas.
A paralisação foi aprovada durante a Plenária Nacional da FASUBRA, realizada entre os dias 12 e 15 de junho, e tem como bandeiras centrais a exigência de cumprimento integral do acordo assinado em 2024 sobre a recomposição orçamentária das instituições federais de ensino e a rejeição à Reforma Administrativa. Segundo a federação, o governo não vem cumprindo cláusulas essenciais do compromisso firmado há quase um ano.
A FASUBRA Sindical, sigla para Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-Administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil, representa trabalhadores das universidades e institutos federais em todo o país. A entidade atua desde 1978 em defesa da valorização dos servidores e da educação pública.
Paralisações anteriores
A decisão acontece em meio a uma série de atos recentes da categoria, que já havia realizado paralisações nos dias 22 e 23 de maio, quando o acesso de veículos à UFPI foi bloqueado no cruzamento das avenidas Nossa Senhora de Fátima e Universitária, nas imediações da Reitoria, em Teresina. A mobilização seguiu o calendário nacional da FASUBRA e teve como foco o protesto contra os cortes orçamentários e a valorização da carreira técnico-administrativa.
“Estamos hoje cumprindo mais um calendário de atividades da nossa federação com paralisações em todo o Brasil. Aqui na Universidade Federal não pode ser diferente. Paralisamos dia 22 e dia 23”, declarou, na ocasião, o presidente do SINTUFPI, Bartolomeu Carvalho Sousa.
Durante entrevista exclusiva ao Piauí Hoje, ele explicou que um dos principais pontos reivindicados é a aprovação, pelo Congresso Nacional, do Projeto de Lei que transforma em norma o acordo firmado com o governo após a greve de 2024. “Ele trata do reajuste dos servidores públicos nesse país, sobretudo nas universidades. Outro ponto é a garantia de recursos para o funcionamento das universidades”, afirmou.
As críticas da categoria também se voltam para os cortes sucessivos no orçamento da educação superior, que, segundo os servidores, vêm comprometendo gravemente as atividades acadêmicas. “Nos últimos 15 anos tem havido corte substancial no orçamento para a manutenção das universidades. Este ano não é diferente. O Executivo fez um corte, mas o Congresso Nacional hoje é o principal responsável pelo corte dos orçamentos”, apontou Bartolomeu.
Dados divulgados pela Reitoria da UFPI confirmam que a universidade sofreu um corte de R$ 6,3 milhões no orçamento após a sanção da Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2025, o que impacta diretamente contratos, projetos acadêmicos e ações de assistência estudantil.
“Nos próximos 60 dias, nós não temos condição de fornecer ensino público gratuito e de qualidade nas universidades”, alertou o presidente do SINTUFPI. “Portanto, o movimento se intensifica, é isso.”
A nova pauta
A pauta da nova paralisação também inclui reivindicações históricas da categoria, como a regulamentação da jornada de 30 horas semanais, a paridade entre ativos e aposentados e o reconhecimento de regimes específicos de trabalho.
Além disso, o sindicato destaca que sempre que houver mesas de negociação entre a FASUBRA e o Ministério da Gestão e da Inovação (MGI) ou o Ministério da Educação (MEC), mobilizações e paralisações continuarão sendo realizadas para chamar a atenção para o cenário das instituições públicas de ensino.
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