Crianças e adolescentes cariocas estão sendo obrigados por traficantes de drogas do Morro da Mangueira, no Rio, a participar de programas sexuais durante bailes funk e festas realizados na comunidade sob o patrocínio do tráfico. Em troca de comida, roupas e moradia, pelo menos 12 menores estariam sendo forçadas a jornadas de até cinco programas por noite.Os clientes - quase sempre frequentadores dos bailes e viciados em drogas - também são levados para um local na localidade de Buraco Quente, onde podem consumir drogas e escolher a menina preferida. O assunto foi levado no início do mês por uma adolescente ao conhecimento da Secretaria de Segurança Pública, do Ministério Público estadual e do Tribunal de Justiça do Rio.A exploração sexual de menores nos bailes da Mangueira é comandada, segundo o relato da menina, por um homossexual conhecido pelo apelido de Maranhão, um homem negro, forte, alto e com cerca de 35 anos. Ele trabalharia para traficantes e seria "gerente" de dezenas de pontos de prostituição dentro e fora de favelas. A prostituição vive não só de crianças e adolescentes, mas de adultos também. O homem não mora na favela e anda sempre com seguranças armados.Segundo o relato da menina - agora sob a proteção da Justiça -, Maranhão era ligado ao traficante Leandro Monteiro dos Reis, conhecido como Pit Bull, que comandava o tráfico na Mangueira até ser morto em janeiro durante operação da polícia. Em seu depoimento, ela citou mais três homens envolvidos com Maranhão, conhecidos como Marcelo, Fred e Vinicius. Todos teriam atuação em outras favelas, em bairros das Zonas Sul e Norte.O tráfico na Mangueira é comandado pela mesma facção de criminosos que controla a venda de drogas no Complexo do Alemão, na Penha e em dezenas de outras comunidades no Rio e de municípios vizinhos. Em 2002, o jornalista Tim Lopes, da TV Globo, foi "julgado" e morto barbaramente por traficantes da Vila Cruzeiro quando investigava a exploração sexual de menores em bailes funk no Alemão.A menina também apontou como sócio de Maranhão um travesti conhecido como Iarley Brasil - um homem branco, de cabelos pretos até a cintura, olhos verdes, alto, com cerca de 40 anos. Em seu depoimento foram citados ainda aliciadores - entre eles um policial conhecido apenas pelo nome de Andrade - e duas cafetinas.Relatórios de inteligência produzidos pelos agentes do Grupo de Apoio às Promotorias (GAP) da Subprocuradoria-Geral de Assuntos Institucionais do Ministério Público estadual revelam que as autoridades da Justiça estadual já tinham conhecimento do problema há pelo menos três anos. O envolvimento de aliciadores na exploração de crianças e adolescentes no Rio está descrito em um relatório desde 2007.
Fonte: Agências
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