Em meio a um cenário ainda imprevisível por conta da pandemia, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) divulga hoje (17), o resultado da Selic. De acordo com análise do professor da Fipecafi, Diogo Carneiro, o mercado espera um aumento, que fará com que a taxa básica de juros fique em 2,5% ao ano.
O especialista comenta quais são os fatores envolvidos no possível aumento da Selic. “A grande maioria do mercado espera um aumento na taxa de juros de 0,5 p.p. Alguns analistas sugerem um aumento mais singelo, de 0,25% e uma minoria acredita que não haverá alteração. Diante das pressões inflacionárias, é muito provável que o Copom realize aquilo que está sendo esperado pelo mercado, já que precisa sinalizar ações concretas para perseguir o seu objetivo de política monetária, que é a manutenção da taxa de inflação dentro da meta estabelecida”, destacou.
O professor da Fipecafi também explica como a política monetária pode impactar a população neste momento de pandemia. “A economia vem operando em um ambiente marcado pela acentuada incerteza. Nesse contexto, a política monetária não deve ter um efeito muito relevante para a população. As principais pressões inflacionárias surgem do câmbio, do petróleo e da sua própria dinâmica inercial, que são definidos por outros elementos além da demanda por consumo pela população. Uma eventual redução do crédito traz poucos efeitos em um ambiente de retração em que consumidores não tem se endividado evitando gastar desnecessariamente. Nesse sentido, a alteração na taxa de juros pode auxiliar pouco no controle da inflação, talvez indiretamente por meio de recursos externos aplicados em títulos públicos brasileiros”, ressaltou.
Com o início da vacinação para combater a Covid-19, que começou em janeiro, houve certa esperança pela melhora na situação do país. Porém, devido à falta de doses e a vacinação em processo lento, ainda é difícil prever quando teremos uma melhora e como a taxa Selic deve ficar neste primeiro semestre e até o fim do ano. “O problema da pandemia implica em mais incerteza e retração no consumo e no investimento. Como a demanda dificilmente responderá à expansão no crédito, a gestão da taxa de juros serve muito mais como sinalização e referência para os agentes do mercado financeiro”, apontou.
Investimentos
Em relação aos investimentos, o especialista ressalta que não consegue enxergar alteração significativa. “O ambiente de incerteza atrapalha muito a leitura pelos tomadores de decisão de investimento, que preferem cautela. O que já está ruim pode até piorar”, disse.
Auxílio emergencial
Carneiro também fala sobre como a nova remessa do auxílio emergencial pode afetar a Selic. “Afeta porque seria mais um elemento de pressão inflacionária, essa sim do lado da demanda do consumidor. Serviria como componente adicional na decisão de elevar a taxa, mas não me parece muito efetivo mexer na taxa de juros pra conter a inflação do consumo provocado pelo auxílio em função da baixa efetividade do crédito no perfil inflacionário”, finalizou.
Sobre a Fipecafi
A Fipecafi foi fundada em 1974 por professores do Departamento de Contabilidade e Atuária da FEA/USP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo) e atua desde então como órgão de apoio institucional ao departamento. Dentre seus principais objetivos estão: a missão de desenvolver e promover a divulgação de conhecimentos da área contábil, financeira e atuarial, organizar cursos, seminários, simpósios e conferências, prestar serviços de assessoria e consultoria e realizar pesquisas, atendendo entidades dos setores público e privado. Mais informações: https://fipecafi.org/.
Fonte: Bruna Lemes | N.A Comunicação
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