
A alta dos alimentos tem impactado o bolso dos brasileiros, enquanto vídeos de produtores descartando grandes quantidades de alimentos circulam nas redes. O motivo por trás dessa prática está na tentativa de evitar vender os produtos por preços muito baixos, o que poderia comprometer a rentabilidade dos agricultores. Pequenos e médios produtores são os mais afetados, pois enfrentam dificuldades para escoar a produção sem prejuízos.
O economista Francisco Rodrigues explica que a estratégia de descarte ocorre para evitar que uma venda abaixo da média comprometa o fluxo de caixa e a sustentabilidade da próxima safra. Segundo ele, “o risco é que o produtor pode estar prejudicando o próprio negócio e não conseguindo, numa próxima safra, colocar seu produto a um preço mais justo”.
Rodrigues lembra que essa prática não é nova. Durante a crise de 1929, o Brasil enfrentou um acúmulo de sacas de café, e parte da produção foi jogada ao mar para evitar queda drástica nos preços. Hoje, a falta de políticas eficazes para direcionar o excedente de alimentos para ONGs ou mercados populares contribui para o problema. “O governo precisaria criar mecanismos por meio de cooperativas para que esses produtos cheguem a quem precisa”, destaca o economista.
Plano de Escoamento da Safra
No dia 5 de fevereiro, o governo do presidente Lula (PT) lançou o Plano de Escoamento da Safra 2024/2025, com investimento de R$ 4,5 bilhões para melhorar a logística agrícola e reduzir custos.
A meta é fortalecer a competitividade do Brasil no mercado internacional e minimizar desperdícios na cadeia produtiva.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) prevê um aumento de 8,3% na produção de grãos neste ano, alcançando 322,47 milhões de toneladas, com destaque para soja e milho.
Vale ressaltar que esse crescimento, embora positivo, pode aumentar o risco de descartes caso a infraestrutura de escoamento não acompanhe a demanda.
Além da logística, o clima é um fator decisivo para a produtividade agrícola. A Conab alerta que chuvas irregulares, altas temperaturas e longos períodos de seca impactam diretamente as colheitas.