Economia

ALTA DOS ALIMENTOS

Saiba por que os produtores rurais estão jogando fora parte da colheita

Descarte de alimentos reaparece como estratégia para controlar preços, enquanto consumidores lidam com alta nos mercados

Da Redação com informações de diário do centro do mundo

Domingo - 02/03/2025 às 11:13



Foto: Reprodução Trabalhadores descartam sacos de cebola em lavoura
Trabalhadores descartam sacos de cebola em lavoura

A alta dos alimentos tem impactado o bolso dos brasileiros, enquanto vídeos de produtores descartando grandes quantidades de alimentos circulam nas redes. O motivo por trás dessa prática está na tentativa de evitar vender os produtos por preços muito baixos, o que poderia comprometer a rentabilidade dos agricultores. Pequenos e médios produtores são os mais afetados, pois enfrentam dificuldades para escoar a produção sem prejuízos. 

O economista Francisco Rodrigues explica que a estratégia de descarte ocorre para evitar que uma venda abaixo da média comprometa o fluxo de caixa e a sustentabilidade da próxima safra. Segundo ele, “o risco é que o produtor pode estar prejudicando o próprio negócio e não conseguindo, numa próxima safra, colocar seu produto a um preço mais justo”.

Rodrigues lembra que essa prática não é nova. Durante a crise de 1929, o Brasil enfrentou um acúmulo de sacas de café, e parte da produção foi jogada ao mar para evitar queda drástica nos preços. Hoje, a falta de políticas eficazes para direcionar o excedente de alimentos para ONGs ou mercados populares contribui para o problema. “O governo precisaria criar mecanismos por meio de cooperativas para que esses produtos cheguem a quem precisa”, destaca o economista.

Plano de Escoamento da Safra

No dia 5 de fevereiro, o governo do presidente Lula (PT) lançou o Plano de Escoamento da Safra 2024/2025, com investimento de R$ 4,5 bilhões para melhorar a logística agrícola e reduzir custos.

A meta é fortalecer a competitividade do Brasil no mercado internacional e minimizar desperdícios na cadeia produtiva.

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) prevê um aumento de 8,3% na produção de grãos neste ano, alcançando 322,47 milhões de toneladas, com destaque para soja e milho.

Vale ressaltar que esse crescimento, embora positivo, pode aumentar o risco de descartes caso a infraestrutura de escoamento não acompanhe a demanda.

Além da logística, o clima é um fator decisivo para a produtividade agrícola. A Conab alerta que chuvas irregulares, altas temperaturas e longos períodos de seca impactam diretamente as colheitas.

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