Economia

CIER há dois anos reabilita portadores de necessidades

Piauí Hoje

Terça - 04/05/2010 às 03:05



Quando ele chega ao Centro Integrado de Reabilitação (Ceir), quase todas as manhãs da semana, a festa é garantida. É um tal de Miqueas para cá, um tal de Doquinha para lá. Todo mundo quer dar um abraço, um beijo ou mesmo brincar com o garotinho de cabelo enroladinho e simpatia ímpar que é um dos grandes xodós entre os pacientes atendidos pela instituição.Miqueas Rodrigues Mota Melo, chamado carinhosamente de Doquinha, tem dois anos, a mesma idade do Ceir, que hoje ajuda na reabilitação, inclusão social e busca de independência tanto de Miqueas quanto de centenas de piauienses com deficiência física e/ou motora.Quando nasceu, Miqueas apresentou quadros de mielomeningocele e hidrocefalia e sua saúde era bastante delicada. Felizmente, há pouco mais de um ano, desde quando iniciou o tratamento de reabilitação no Ceir, Miqueas vem alcançando vitórias importantes.Dona Luzia e Doquinha Dona Luzia Vitoriano Mota, avó de Doquinha, lembra bem de como era a sua situação quando os dois chegaram ao Ceir pela primeira vez. "O Miqueas não tinha nenhuma coordenação e hoje está do jeito que está. Sendo bem sincera, eu não acreditava muito nessa história de fisioterapia, mas os progressos que a gente observa no caso do Doquinha são incríveis. Por isso que eu digo que o Ceir foi uma porta que Deus abriu para mim e uma luz que brilhou para o meu neto", comenta, emocionada. Luzia sabe o que diz. O garoto tímido e cuja coordenação motora praticamente inexistia há um ano tornou-se o garoto sapeca e tagarela de hoje, graças ao trabalho desenvolvido pela equipe multidisciplinar do Centro Integrado de Reabilitação. "O Ceir é um pedacinho do céu na Terra. Por mais experiente que eu seja, não sei se saberia cuidar dele se não fosse este Centro de Reabilitação", argumenta.Histórias como a de Miqueas se multiplicam no Ceir. Centro de excelência no tratamento de pessoas com deficiência, a instituição completa dois anos no dia 5 de maio. Em 24 meses de funcionamento, tem contribuído significativamente para a melhoria da qualidade de vida de uma grande parcela da população que possui deficiência física e/ou motora.Andressa conquista medalhas Andressa Luiza, paciente do Centro Integrado de Reabilitação desde a inauguração da instituição. Dois anos depois, mais independente, mais segura, ela, que já fez as vezes de garota propaganda do Centro, decidiu participar de competições, estimulada pelo setor de Reabilitação Desportiva, hoje conquista medalhas em torneios. Em março, por exemplo, ela conquistou duas medalhas de ouro no Circuito Loterias Caixa Brasil Paraolímpico de Natação. Mais de 76 mil atendimentos em apenas dois anosAo longo de dois anos de funcionamento, o número de atendimentos no Centro Integrado de Reabilitação é impressionante. Desde abril de 2008, antes mesmo da sua inauguração, até março deste ano, a instituição realizou mais de 76 mil atendimentos, um marco importante para o Piauí. Contudo, mais importante do que os números é a colaboração para a mudança de vida e inclusão social de um número significativo de pessoas que antes eram excluídas da sociedade e que hoje conquistam maior independência e maior autoestima.A solidificação do trabalho do Ceir enquanto ferramenta que promove a reabilitação, a readaptação e a inclusão social de pessoas com deficiência pode ser medida pelo aumento do número de atendimentos ao longo dos anos. Entre abril e dezembro de 2008, o Centro Integrado de Reabilitação realizou 14.302 atendimentos, enquanto, em todo o ano de 2009, foram 48.629. Nos três primeiros meses de 2010, já foram 13.425 atendimentos, e a tendência é que esse número cresça cada vez mais.Arte-terapia Fruto de uma parceria de sucesso entre a Secretaria Estadual para Inclusão da Pessoa com Deficiência (Seid), a Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi) e o Ministério da Saúde, o Centro Integrado de Reabilitação faz parte do Complexo Estadual de Reabilitação em Saúde e Educação Daniely Dias, juntamente com o Centro Integrado de Educação Especial (Cies). Contemplada com o objetivo de realizar atendimentos de média e alta complexidade voltados para pessoas com deficiência, o Centro Integrado de Reabilitação assiste pacientes tanto na área de saúde como no segmento educacional, permitindo um acompanhamento integrado, múltiplo e completo de cada criança, adulto ou idoso atendido.Gerenciado pela Associação Reabilitar (Associação Piauiense de Habilitação, Reabilitação e Readaptação), uma entidade de interesse social e sem fins lucrativos, o Ceir oferta serviços de forma inter e multidisciplinar, capazes de atender as mais diferentes demandas.Com isso, os pacientes do Ceir têm à disposição os serviços de arte-reabilitação, enfermagem, especialidades médicas, fisioterapia, fonoaudiologia, hidroterapia, musicoterapia, nutrição, odontologia, oficina ortopédica, pedagogia, psicologia, reabilitação desportiva, serviço social e terapia ocupacional.Musicoterapia Os pacientes são incluídos em clínicas específicas, de acordo com a sua necessidade. O Centro possui clínicas de: Amputados, Doenças Neuromusculares, Lesão Medular, de Lesões Encefálicas Adquiridas (LEA), Malformações Congênitas, Mielomeningocele, Paralisia Cerebral, e de Poliomielite. Oficina OrtopédicaSe você ouvir por aí que no Centro Integrado de Reabilitação tem uma oficina dos sonhos, não duvide. Inaugurada em abril do ano passado, a Oficina Ortopédica do Ceir produz uma média de 250 peças por mês, entre próteses (que substituem um segmento do corpo) e órteses (que auxiliam o funcionamento de segmentos do corpo), e muda para melhor a vida de várias pessoas.No local, são confeccionados os aparelhos ortopédicos essenciais no processo de reabilitação. Fabricadas de forma individualizada, as próteses e órteses têm como objetivo proporcionar o adequado alinhamento biomecânico com maior independência e conforto para pacientes com deformidades no tronco e nos membros superiores e inferiores.Capaz de atender tanto aos pacientes que realizam tratamento no Ceir quanto à demanda externa, a Oficina Ortopédica é composta por equipamentos de alta tecnologia, que permitem a produção de órteses e próteses mais leves e confortáveis e, consequentemente, melhores condições de uso.Wilame Pinheiro de Sousa Brito Em 2010, a Oficina Ortopédica implementou uma novidade. Desde março, ela iniciou a produção de próteses para membros superiores, medida essa que já mudou a vida de pessoas como o funcionário público Wilame Pinheiro de Sousa Brito, de 54 anos. Há 25 anos, ele sofreu um acidente de trabalho e foi obrigado a amputar parte do braço direito. Em março, ele foi uma das primeiras pessoas a receber próteses de membros superiores no Ceir. "Agora eu estou completo de novo. Isso aqui melhora até a autoestima da gente", disse. Saiba como marcar um tratamento de reabilitação no Ceir ou solicitar órteses, próteses, cadeira de rodas ou outros Meios Auxiliares de Locomoção na Oficina Ortopédica.1º Passo - Procure a Unidade de Saúde mais próxima de sua residência e faça uma consulta com um médico do PSF ou credenciado pelo SUS. Havendo indicação para reabilitação, solicite o preenchimento da ficha de inscrição disponível nos hospitais, na sede do Ceir ou nos sites ceir.org.br e seid.pi.gov.br. Havendo indicação para produtos ortopédicos, o médico vai preescrever, em formulário do SUS, o tipo de equipamento necessário.2º Passo - Anexe à solicitação do médico a cópia dos seguintes documentos:a) CPF e RGb) Cartão do SUS (Cartão Nacional de Saúde)c) Comprovante de Residência com CEPe) Informe pelo menos um número de telefone para contato3º Passo - Entregue toda a documentação na Secretaria de Saúde do seu município, ou, no caso de Teresina, na Central do SUS no seguinte endereço: Rua Governador Artur de Vasconcelos, 730 - Bairro Piçarra. Telefone (86) 3222 0649 Fax (86) 3221 9053. Depois é só aguardar que o Ceir entra em contato com o paciente ou com a Secretaria Municipal de Saúde informando o dia e hora da primeira consulta.Eu sou amigo do Ceir. E você?Realizar mais de 76 mil atendimentos em dois anos com um alto padrão de qualidade, com uma limitação financeira é uma tarefa que exige muita atenção e determinação. Nessa tarefa, o Setor de Voluntariado do Ceir desempenha um papel muito importante.Os voluntários atuam em diversos setores, dando apoio e suporte ao quadro de profissionais, a fim de agilizar o atendimento ao paciente, e são essenciais para manter a qualidade do trabalho realizado na instituição.Atualmente, o Ceir possui um corpo de voluntários formado por 47 pessoas. De acordo com a coordenadora do Setor de Voluntariado da instituição, Nazaré Bezerra, esse grupo é formado por gente que chegou até o centro de diversas formas. "Há voluntários aqui que se inscreveram pelo site (ceir.org.br), que foram indicados por terceiros, que foram ou são acompanhantes de pacientes, que são ex-pacientes reabilitados, que participaram de cursos no Ceir ou que procuraram o centro por conta própria", explica.O Setor de Voluntariado do Ceir está sempre de braços abertos para receber novos voluntários.Para se tornar voluntário no Centro Integrado de Reabilitação (Ceir), o interessado deve ter mais de 25 anos, ser gentil, atencioso, bem-humorado, educado e comunicativo. Além disso, deve possuir noções de trabalho em equipe e disponibilizar quatro horas contínuas de trabalho uma vez por semana, no período de segunda a sexta-feira, das 7h às 11h, das 8h às 12h ou das 13h às 17h. Os interessados podem procurar o Setor de Voluntariado no próprio Centro ou ligar para (86) 3198 1500.Ceir Móvel: a reabilitação vai até vocêMesmo com sede em Teresina, o Ceir recebe pacientes de diversas partes do Estado e do país. O seu serviço de excelência atrai sobre a instituição bons olhos e vários novos pacientes. E para facilitar o acesso a pessoas do interior do Estado dentro de 60 dias, o Centro Integrado de Reabilitação dará início à utilização da sua nova unidade: o Ceir Móvel.O novo serviço do Ceir tem o objetivo de descentralizar o atendimento oferecido pela instituição. De acordo com o superintendente multiprofissional do Centro, Aderson Luz, a medida deverá ampliar o campo de atuação da entidade. "Trabalharemos de forma semelhante à Justiça Itinerante, visitando as cidades e atendendo aos anseios da população dos municípios", explica.Entre outras coisas, o Ceir Móvel realizará a entrega de órteses, próteses e cadeiras de roda, além de medição para a confecção de novos aparelhos auxiliares de reabilitação. A intenção é estender para o maior número de pessoas possível um atendimento que permita melhoria de vida e inclusão social.Ceir vai ganhar Centro de Diagnóstico nos próximos mesesO Centro Integrado de Reabilitação (Ceir) inaugura ainda no primeiro semestre deste ano o Centro de Diagnótisco. Com equipamentos de última geração e orçada em R$ 5 milhões, a unidade será credenciada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para realizar uma série de exames que atualmente só podem ser feitos em clínicas particulares.O Centro de Diagnóstico permitirá aos pacientes do Ceir fazer os exames exigidos pelos médicos e terapeutas na própria instituição. Apesar do ganho aos que fazem tratamento no Centro Integrado de Reabilitação, a unidade de diagnóstico será aberta a toda população piauiense."No Piauí, o custo de exames como urodinâmica e eletroneuromiografia dificulta o acesso por pessoas de baixa renda; impossibilitando um diagnóstico mais preciso. Com a cobertura pelo SUS, garantimos o acesso pela população carente", afirma o superintendente executivo do Ceir, Francisco Alencar.O Centro de Diagnóstico está credenciado pelo Sistema Único de Saúde para realizar exames como: raios-X, urodinâmica, ultrassom, tomografia, ressonância magnética, eletroneuromiografia, espirometria, dentre outros.Além de permitir o acesso - tanto pelo SUS quanto particular - aos exames supracitados, o Centro de Diagnóstico contará com aparelhos de ponta. "Os equipamentos, que já foram licitados e estão em fase de aquisição, serão nivelados aos encontrados nas unidades de saúde de Teresina atualmente", assegura o superintendente multiprofissional do Ceir, Aderson Luz. Pessoas como Francisco das Chagas Ferreira, de 52 anos, serão beneficiadas pelo Centro de Diagnóstico. Aposentado por invalidez, Francisco mora com a mulher e dois filhos no povoado Campestre, município de Nazária. "O dinheiro para o sustento da minha família é pouco. Só minha mulher trabalha, e o benefício ao qual tenho direito ainda não recebo. Em virtude disso, já deixei de realizar alguns exames mais complexos, como ressonância, por não ter condições de pagar", conta. "Agora isso não vai ser mais problema", comemora Francisco.

Fonte: CCOM

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